sábado, 31 de janeiro de 2009

Um Deus belo

Já que faltei o ensaio do coro hoje à tarde vou me permitir escrever outro texto longo, sem pressa de acabar, hehehe... passei a semana numa secura terrível para escrever, então quero muito escrever e escrever muito. Meus seis leitores hão de me perdoar. Em nome de Proust, eu vos peço. Há tempos venho precisando expressar tudo vai abaixo.


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Por estes dias terminei de ler um livro de Alain de Botton sobre Allan Proust. O segundo é afamado escritor francês que esculpiu a obra "Em busca do Tempo perdido" e que é também venerado por oito em cada dez escritores ou aspirantes a tal. Mesmo que só dois em dez tenham conseguido chegar ao final do sétimo livro. E entre os aspirantes que penduraram as sandálias, eu me incluo. Já no primeiro livro achei a escrita de Proust fascinante, mas muito densa, ´difícil de digerir, o que me fazia ficar dias em única página, refletindo sobre o que o autor quis dizer com aquele pensamento, que sentimento pôs por trás da descrição daquela personagem ou daquele bolinho, ou como ficaria aquela frase de dezenove linhas se dividida em períodos curtos e sem hipérbatos. E Alain de Botton é um escritor que, sem escrever nem uma biografia, nem uma crítica literária, nem um compêndio de auto-ajuda, conseguiu trazer Proust para mais perto de nós, e analisar algumas caraterísticas de sua vida e escrita sob um ponto de vista prático: como isso pode me ajudar a viver melhor?

A grande sacada de Alain de Botton é justamente não vincular o "viver melhor" com a ausência de sofrimento. Tanto que um dos capítulos do livro chama-se "como sofrer com sucesso". O que gostei no livro foi essa riqueza de perspectivas, que, por sua vez, ele aponta em Proust. No capítulo "Como abrir seus olhos", observamos ele sugere que a leitura que Proust fazia do mundo e repassava em seus livros era a de um detalhista que sabia apreciar a beleza real de todas as coisas, seja a de um palácio, seja a de uma fruta comum sobre a mesa. E não havia hierarquia nessa beleza, cada uma era bela ao seu modo, e seu valor estético particular não era par aser comprado, apenas percebido. Se alguém conseguisse, no entanto, perceber a beleza de uma maçã sobre a mesa, seria dotado de uma capacidade muito mais apurada para admirar a beleza do palácio, não com frases feitas como "que lindo!", ou "tão grandioso!", que só denotam uma idéia pobre e pré-concebida de beleza, baseada muito mais no valor material que estético. Só alguém que conseguisse olhar com espanto para a descoberta da beleza numa cena comum cotidiana poderia encontrar a verdadeira beleza numa lua cheia, tão evidente, mas tão desgastada por poemas e adjetivos óbvios.

Esta reflexão me fez pensar em Deus porque, acredito, a procura por Deus é também uma procura pelo Belo. Não à toa a li no blog Outra Música uma citação de Jonathan Safran Foer que dizia "Nada é bonito e verdadeiro." Aqui entre humanos os momentos de beleza são raros e fugidios. A busca por Deus é, também, uma busca para perpetuar o extraordinário. A perfeição absoluta, caraterística que cremos ser somenteo divina, tem muito a ver com a beleza absoluta, uma vez que Belo e Bem são sempre postos juntos em nossas concepções. Tanto que demoramos a perceber o Mal quanto este se recobre de beleza. O Belo nos encanta, portanto consegue alterar nossa capacidade de julgamento. E é bem aqui neste ponto que eu fiquei matutando sobre uma contradição que, volta e meia, volta à baila no meio cristão.

O conceito de beleza tem algo de intuitivo e universal. Mas também é construído, recebe influência da educação, cultura, preconceitos e experiências pessoais que vivenciamos. E muito embora nem sempre sejamos capazes de dizer - ou interessados em descobrir - o porquê de algo nos parecer belo, utilizamos alguns critérios objetivos para aferir essa beleza. Gosto de música barroca, admiro homens de voz grave, aprecio pintura simbolista . Dentro dessas categorias ainda posso restringir-me mais e dizer que amo a beleza da música de Handel, da voz do meu marido e dos quadros de Gustav Klimt. No entanto, certo dia, durante uma aula de Fundamentos da Construção Musical na faculdade, ouvi uma música dodecafônica de Ernest Krenek, que me tocou profundamente. Em outra época eu teria ficado indiferente, como normalmente sou indiferente a qualquer música atonal. Mas naquele momento da minha vida em especial, aquela música pareceu traduzir tão bem o que eu sentia que me pareceu... confortadora. E bela. Por outro lado, embora a voz de Cid Moreira seja o ícone de todas as vozes graves e másculas, eu me dinto uto incomodada ao ouví-lo. E mesmo sem serem exatamente simbolistas, os rascunhos que meu filho faz com giz de cera me parecem obras de uma beleza comparável a qualquer quadro do Louvre. É por ser construída que a beleza não se restringe, porque ela se comunica com a experiência, e a sensibilidade para ela cresce à medida que nos permitimos reconhecê-la fora dos padrões que traçamos objetivamente.

Acontece que quando Beleza e Religião se misturam, a experiência com o Belo fica comprometida. Na história humana SEMPRE existiu alguém numa posição dominante, imposta ou delegada, que ditou o quanto de Bem pode haver no Belo e vice-versa. Por isso de vez em quando um mesmo discurso se este de roupagem nova e reaparece no círculo religioso: esses são os sons que devemos ouvir, essas são as coisas que nossos olhos devem ver. Embora a beleza possa ser apreendida com todos os sentidos, são olhos e ouvidos os sentidos mais focados. E aprisionados. É como se Deus, de repente, pudesse ser objetivado em critérios facilmente consultáveis a partir da experiência de um único ser humano, tomado como padrão de julgamento para toda uma massa que se sente mais segura em seguí-lo que pensar, criticar e escolher a partir de suas próprias experiências vividas ou percebidas.

Digo percebidas porque não temos necessariamente que errar para aprender, mas mesmo a percepção do exemplo a ser seguido deve ser uma experiência pessoal, caso contrário não será significativa. A grande falha do discurso de quem quer "preservar" nossos sentidos, é que ele é contraditório. Tem a boa intenção de querer nos alertar para a pureza dos sentidos como meio de achegarmo-nos a Deus, mas impõe sua própria concepção do que é puro e bom a qualquer outra experiência, e com isso restringe os meios pelos quais Deus pode se comunicar com sus criaturas. Sentidos que não são utilizados com sabedoria - esse deveria ser o foco de nossas preocupações - atrofiam como músculos que permanecem numa única posição a vida toda. Nenhum cordeiro atrofiado seria oferecido a Deus como sacrifício santo e agradável, já dizia o levítico.

É sábido que na nossa literatura eclesiástica já houve até a muito bem intencionada iniciativa de dizer quais os padrões rítmicos, fórmulas de compassos ou andamentos que caracterizariam a música própria para adorar a Deus. Mas será que a experiência desse autor com o Belo digno de ser ofertado a Deus invalida a experiência de um adorador que encontrou verdadeiramente a beleza da voz de Deus numa música sincopada? Se objetivarmos experiências como essa e a tomarmos como padrão, não estaremos afastando a possibilidade de alguém que cresceu, por exemplo, em meio a uma cultura onde a música segue padrões rítmicos bem diferentes dos europeus-luteranos, possa ter sua própria experiência bela e verdadeira com Deus? Sendo que a beleza divina que alguém experimentou em sua religiosidade é capaz de alterar seu julgamento racional, seria justo diminuir a experiência do outro porque ela não partiu de elementos racionais, mas emocionais? Impor nossa experiência a essa pessoa como o melhor caminho para chegar a Deus não seria tirar de Deus a prerrogativa de ser O caminho?

Tomando ainda a música como exemplo (que é com o que estou mais familiarizada), não é preciso ter nenhuma formação em psicologia para descobrir logo que muitas pessoas que defendem que na música sacra não deve predominar o elemento ritmico, têm suas dificuldades pessoais com esse elemento. Não há nada na Bíblia que diga que o ritmo é um elemento musical demoníaco, e que os instrumentos musicais que o exploram foram criados por Satanás. Muito embora muito se tenha argumentado para diminuir a relevância da experiênia rítmica na adoração, o que de fato o faz ser alvo de tantas críticas é a forma como ele mexe com nossos instintos. O ritmo, por estar organicamente associado a nossas experiências mais primitivas (desde o bater do coração no ventre da mãe), tem certo poder para tirar nossa mente de controle e deixar fluir emoções. Acontece que nem todo mundo gosta dessa sensação. Há pessoas que gostam de ter o total controle sobre suas emoções e se julgam mesmo pessoas adultas e equilibradas pela capacidade de manter bem represadas quaisquer expressões de sentimento. Elas têm medo de sentir. E isso tem a ver com suas experiências de vida. Podem ter sido (des)educadas assim. E acham, sinceramente, que a beleza a ser direcionada a Deus tem que ser uma beleza cartesiana, racional. Citam Paulo (Romanos 12: 1) para que apresentemos nossos corpos em sacrifício como culto racional (cordeiros atrofiados?), falam de ordem e decência como se o sentimento humano fossem indecente e necessariamente desordenado. Crêem que na razão está a pureza dos sentidos. E não estão erradas sob seu ponto-de-vista, ainda que Paulo não tenha em momento algum desaconselhado a expressão das emoções, antes até a recomendado (Romanos 12: 10 - 15). O medo das emoções quase sempre tem a ver com incapacidade de entrega, e como podemos ter uma relação saudável com Deus sem entrega? Como podemos experimentar Sua Beleza apenas por critérios racionais, sem ter contato como extraodinário? Eu prefiro pensar que essas pessoas, tanto as que se postam como porta-vozes da vontade de Deus como as que as seguem, querem que seus padrões sejam imitados porque elas acham que assim estarão proporcionando aos seus irmãos a mesma experiência com Deus que vivenciaram em suas vidas.

O problema é que nem sempre dessa boa-vontade decorre bênção. Às vezes decorre pura s imples presunção. E para outras pessoas, que não conseguem se encaixar nas fôrmas apertadas que foram moldadas noutra experiência de vida, decorre frustração e afastamento de Deus. Quantos jovens eu vi se auto-flagelando com penúria medieval para tentar caber nessas fôrmas. Quanto sentimento de culpa eu e tantos outros carregamos tanto tempo por nao conseguirmos entrar na capa de bom cristão que foi costurada num modelo de perfeição que jamais conseguiríamos ser. No entanto "Jesus procurava um caminho para cada coração" (Ellen G. White, Parábolas de Jesus, p. 21), e falou de maneiras diferentes a pessoas diferentes, respeitando a experiência de cada uma. Ainda hoje Jesus busca muitos caminhos para chegar-se a nós, mas - eis de novo a contradição - nossos sentidos que deveriam estar preservados, encontram-se muitas vezes atrofiados. E deixamos de escutá-lo tantas vezes por puro preconceito. Mais que isso, podemos perturbar a adoração de alguém ao invés de incentivá-la, quando ditamos as formas e ritos para ela chegar-se ao Grande "Vinde a Mim". Eu lembro das perguntas que Deus fez a Jó quando este, em seu desespero, tentava compreender as atitudes de Deus através de sua minúscula experiência humana: "Onde estava tu quando eu fundava a Terra? Dize-me se tens inteligência! Quem lhe pôs as medidas, se tu o sabes?" (Jó 38:4 e 5). Quando eu vejo alguém deixando de adorar a Deus por não conseguir ouvi-lo pelos critérios dos outros sinto-me tentada a perguntar aos que ditaram esses critérios: "Onde você estava quando Deus criou a música? Quem lhe pôs as medidas, se tu o sabes?"

Sei que os bem intencionados não conseguem ver assim porque acreditam que seus critérios estão fundados na Bíblia, e a verdade seria uma só, então todos os outros que não concordam com eles estariam enganados. Mas mais uma vez roubamos de Cristo uma prerrogativa: a de Ele ser A Verdade. As pessoas que perderam a capacidade de renovar sua experiência com Deus só conseguem entrevê-lo em reviver experiências passadas. Assim, essas pessoas até se emocionam, mas dentro do terreno seguro do que já é conhecido. São capazes de demosntrar grande euforia quando encontram alguém que ratifica, sob nova roupagem, os mesmos caminhos já pisados onde uma vez encontraram a Deus - e onde tentaram O aprisionar. Seria esmagador para essas pessoas pensar que Deus pode habitar fora dos seus limites controláveis. A presunção decorre justamente do medo de acreditar que alguém pode encontrar a Deus de outra forma senão aquela, sacra por excelência, devidamente fundamentada em padrões bíblicos convenientes. Dessa forma, a religião engessada em critérios objetivos não eleva no sentido de não proporcionar experiências confrontadoras, apenas confortadoras. E no conforto não há transformação, fundamento da conversão. Mesmo a mais bem intencionadas das pessoas que foca o seu discurso no controle dos sentidos está sujeita a ver seu discurso ser mal interpretado e aplicado como mais uma fôrma ao invés de um estímulo para chegar mais perto de Deus. E isso ocorre porque muitas pessoas que o ouvem não querem se dar ao trabalho (e isso posso durar uma vida inteira) de chegar-se por si próprio perto de Deus, então tentam se apoderar da experiência já vivida pelo dono do discurso, da espiritualidade do outro, da religião do outro, e para tanto utiliza os elementos objetivos do dicurso como um check list, um guia fácil para sentir-se tão espiritual quanto quem proferiu seu testemunho. Não há transformação pela experiência alheia, no máximo uma indicação a ser considerada enquanto se trilha o próprio caminho. SE eu for para o deserto coberta de peles de animais e passar a comer gafanhotos e mel isso não fará de mim uma pessoa com a espiritualidade de João Batista. Da experiência dEle eu só posso aproveitar em minha conversão os elementos que me levem para mais perto do Seu Deus ( e essa era sua clara intenção). Quando Paulo disse "Sê-de meus imitadores", completou a frase com um "como eu sou de Cristo"(I Cor. 11:1), mostrando que não pretendia criar um grupo de evangelistas fazedores de tendas, mas fazer as pessoas focarem no ponto-chave de seu discurso: Jesus, o único modelo digno de ser imitado. Regras que foquem no comportamento humano e não sejam fortemente iluminadas pelos princípios que as fundamentam, são como mel e gafanhotos nas mãos de atores interessados em uma boa atuação. E os pés dos cristãos são aqueles que se ferem e calejam ao andar sobre a Rocha, não os pés que desfilam graciosos sobre palcos. E para levar-nos à Rocha, Deus pode falar a seus filhos de maneiras muito mais abrangentes que por um punhado de formas institucionalizadas.

Alguma dessas pessoas pode refutar: "Bem, Deus pode usar tudo mesmo como meio de falar aos corações. Pode usar pedras. Isso não significa que vamos utilizar nossos dízimos para comprar pedras e enviá-las às nações a fim de anunciar o evangelho." É uma típica atitude de medo ridicularizar a experiência alheia. Um jovem que se sentiu tocado por Cristo enquanto vomitava na sarjeta após uma noite de bebedeira não pode ser encorajado a ter mais noites de bebedeira para tornar a encontrar a Cristo. Mas nós também não podemos dizer que daquele dia em diante Cristo só estará disponível para ele na igreja X, a partir das X horas, se eles estiver vestido de X maneira e cantando o hino X. O caminho da conversão passa por muitas experiências com a beleza e graça divina, mas não consigo reconhecer, nem na minha nem na de outros cristãos, um padrão estritamente objetivo que possa emoldurar a experiência de todos os cristãos. Se Deus usou uma sarjeta para falar a alguém, porque ele não pode usar um livro de literatura, um pôr-do-sol, um sorriso, a frase despretensiosa de um cobrador no ônibus, uma música muito feia e muito pobre mas que naquele momento falou exatamente o que eu precisava ouvir para me voltar para Deus?

Vejam só que paradoxo: eu que sou capaz de admirar tão bem o palácio de uma cantata de Bach ricamente construída, posso ainda me comover com a beleza simples mas igualente verdadeira de uma música tola? Ou guardei Deus só para as coisas grandes, deixando de apreciar sua revelação em tudo o mais ao meu redor? Se sim, cresci com isso ou apenas utilizei meu intelecto desenvolvido para empobrecer meu espírito? Ao ler a Bíblia consigo ver um Deus pedindo algo a seus filhos, mas o que Ele pede me parece ser masi algo direcionado aos outros que a nós mesmos. Ele nos pede serviço, missão. E ao cobrador de impostos que vivia de regular por leis humanas a vida alheia ele disse simplesmente: "Segue-me!"

Não quero parecer anarquista. Meu questionamento às regras não diminui a grandeza dos princípios. Não é isso que ensinamos nos estudos bíblicos quando vamos falar sobre a Lei de Deus? Dizemos que é uma lei moral. E o que é uma Lei Moral? É uma Lei atemporal, regida por princípios aplicáveis a qualquer tempo e em qualquer lugar, jamais se restringindo a parâmetros humanos, mas atravesando séculos por seu poder imutavelmente transformador. A Lei é, por isso, a revelação do caráter de Deus (EGW, O Grande Conflito, p. 467). Um Deus que se revela por princípios não pode ser aprisonado em regras quase sempre feitas para dar mais segurança - ou comodidade - aos homens. Se somos um povo que defende a validade do decálogo como Lei Moral, deveríamos ser um povo que falasse menos sobre regras e mais sobre princípios. Mais que isso, um povo que vivesse por princípios. Que soubesse utilizar-se desses princípios para ver tudo e reter o que fosse bom. Para estar aberto a revelação de Deus nas coisas elaboradas e simples, naquelas que são do nosso gosto e que o contrariam, nas praxes eclesiásticas e nos elementos do dia-a-dia.

Este texto não é um manifesto contra todas as regras sobre louvor, adoração e vida eclesiástica. Há regras boas, que edificam, que nos aproximam dos princípios. Mas só fazem isso quando são pensadas, não só por quem as fez, mas por quem as pratica. E se elas não cabem dentro da minha experiência de vida não têm que ser vestidas com o sufoco de uma roupa cinco números menor só para eu parecer igual a todos os demais. Roupas apertadas não vão preservar meu corpo. A consciência do meu corpo sim, vai me permitir experimentar o que lhe convém ou não. Creio ser assim com o espírito também. Utilizar-me das bem intencionadas regras de vida de alguém que encontrou a Deus por certo caminho pode não ser, para mim, uma experiência que também me aproxime de Deus. Para que isso ocorra tenho que estar atenta e aberta a Sua voz, que às vezes virá suave, às vezes desafiadora.

Regras podem me dar a sensação que estou fazendo tudo ceto por isso mereço a benevolência divina. Princípios nos obrigam a (re)pensar, a sentir, e com isso reconhecer a manifestação da Graça em nossas vidas. O exercício de procurar a beleza divina no improvável pode nos fazer aprender muito sobre o método de Cristo para chegar aos corações e deixar que Ele mesmo entre nos nossos. Este texto, é, portanto, um pedido a todos os nossos bem intencionados irmãos que querem nos fazer viver em maravilhosos palácios de sacralidade: a despeito de terem encontrado Deus no lugar onde estão, não desvalorizem a experiência daqueles que O encontraram numa maçã sobre a mesa. Não há experiências menores quando se trata de experiências com Deus, todas elas são grandiosas. Observar como as sementes da maçã germinam e se erguem em ramos por todos os lados, mas sempre para cima, em busca de um sol onipresente pode ser um bom começo para ver, além da sua velha experiência com a beleza, a manifestação de um Deus belo.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Recebi de graça - DVD Planeta de Agostini

Já que nos posts anteriores falamos de viajar para lugares diferentes, despertar de sentimentos intensos e amores, nenhum brinde mais propício que o DVD que recebi da Planeta de Agostini. Se você não conhece, essa é uma editora que publica basicamente itens colecionáveis, enciclopédias, obras infantis em DVD e afins. Quando você se inscreve NESTA PÁGINA, é só esperar e eles mandam qualquer um dos seus DVDs ou itens de coleção gratuitamente para você.


Eu recebi este DVD sobre Veneza, com um livreto falando sobre as particularidades da cidade e um mapa bem completo da região. Este mapa é projetado em 3D no DVD e traça um roteiro turístico muito interessante. Fiquei encantada com a cidade, suas belezas caraterísticas, seu povo, ruas, costumes e seu ares. Só não sei porque é que chamam Recife de Veneza brasileira. Não tem absolutamente NADA a ver, hehehehhe...


ps.: Se eu passar uns dias sem aparecer é porque meu computador morreu. Acho que a fonte ou a placa - ou ambas - queimaram. Agora estou esperando uma manifestação da graça divina que resolva o problema...

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Adveniat - Tu me amas?

Cito Alberoni outra vez porque seu livro é mesmo instigante. Pretendo ler outros títulos dele, mas "Enamoramento e Amor" já dá muito pano pra manga.
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“Pela terceira vez Jesus lhe perguntou: Simão filho de João,tu me amas? Pedro entristeceu-se por ele lhe ter dito, pela terceira vez: tu me amas? E respondeu-lhe Senhor, tu sabes todas as coisas, tu sabes que eu te amo. Jesus lhe disse: Apascenta as minhas ovelhas."(João21:17)

Quem é ou foi amado já ouviu essa pergunta. “Você me ama?” é uma pergunta comum entre homem e mulher, mãe e filho, amigos. Ainda que não seja verbalizada ela ecoa através de sutilezas nos gestos, no olhar, nas entrelinhas de um diálogo corriqueiro. Mas quando o amor é correspondido nós não cansamos de respondê-la, ainda que pela ducentésima primeira vez, porque intimamente sabemos: aquele que questiona o amor é quem também oferece dádivas. Por que então Pedro se entristeceu?

Há uma corrente de eruditos que acredita que a resposta é filológica. Dizem que a palavra amor nas duas primeiras perguntas de Jesus era o amor agapáo, um amor mais elevado, do tipo que Deus tem por nós, ao que Pedro respondia que amava a Jesus com amor filéo, que seria amor inferior, mais humano, do tipo que temos aos nossos amigos. Pedro então se entristecera porque mesmo tendo dito certa vez que morreria por Cristo, depois de sua negação sabia que ainda não amava a Jesus como era amado por Ele.

Há outra corrente teológica que não crê na inferioridade de um tipo de amor em relação ao outro nem no uso intencional dos dois verbos, especialmente porque Jesus e Pedro teriam conversado não em grego, mas em aramaico, língua em que não haveria distinção no amor mencionado por Jesus e por Pedro. A tristeza deste seria, então, por lembrar-se, após as três perguntas de Cristo, que O negara três vezes.

Quando amamos reorganizamos ao redor da pessoa amada os planos para a nossa vida. E aquilo que será integrado ao novo amor depende do quanto este o permitirá, pois nem sempre os projetos de quem ama e de quem é amado coincidem. O sociólogo Franceso Alberoni elabora bem esse diálogo: “‘Você me ama?’ significa também ‘você aceita entrar no meu projeto?’(...) ‘Amo você’ significa ‘Mudo o meu projeto, venho ficar ao seu lado, aceito seu pedido, renuncio ao que queria, quero, junto com você, o que você quiser’. O ‘Você me ama?’ é, por isso, sempre um pedir alguma coisa que eu desejo, uma renúncia a alguma coisa que você deseja.”

Em qualquer relacionamento esta pergunta é sempre um choque. Às vezes as pessoas constroem suas relações sobre um equilíbrio delicado e protegido. Talvez necessitem de calma e tempo para organizar as coisas, mudar de trabalho, arrumar-se economicamente antes de afirmar seu amor tão plenamente. Pouco a pouco, se o amado souber esperar, ficarão livres e seguros. Mas Jesus pede a Pedro “um ato decisivo, um rompimento brusco com o passado, um mergulho profundo no novo, com o risco de perder tudo o que ama e que deseja organizar ao redor do novo centro de sua vida – seu amor [a Cristo]”. Se abandonar todas as coisas, também terá que se tornar um outro homem. Mas Jesus é enfático: “Apascenta minhas ovelhas”.

O que entristeceu a Pedro, nem eu nem todos os eruditos saberemos ao certo antes de perguntarmos ao próprio apóstolo futuramente. Mas e nós? Quando Cristo põe diante de nós uma prova que pergunta “tu me amas?”, o que sentimos? Pense em Pedro. E como ele, lance fora o medo (I João 4:18) para abraçar o projeto de Cristo em sua vida.

Demas e o amor

Este texto é, na realidade, uma continuação do anterior. Cortei para ficar mais fácil de ler, mas a temática é a mesma.

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Gosto daqueles personagens bíblicos que não costumam aparecer muito em sermões. Aqueles cujos nomes são praticamente o que consta a seu respeito na Bíblia, mas que estão num contexto que tem sempre muito a nos ensinar. Por isso gosto da história de Demas. Em II Timóteo 4:10, Paulo escreveu: "Porque Demas me desamparou, amando o presente século...". Isso torna a história de Demas - antes disso um cooperador de Paulo na evangelização - algo bem próximo da história de muitos cristãos contemporâneos.

É possível que Demas tivesse ouvido a advertência de Paulo: "Não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus." (Romanos 12:2). É possível que tenha lutado contra a sensação de que já não sentia prazer em ir à igreja, em participar dos eventos evangelísticos. Talvez tenha escondido a tristeza e até algumas lágrimas depois de voltar vazio de uma grande reunião cristã de onde todos os outros pareciam sair exultantes. Amar a Deus é uma experiência tão marcante que o deixar de amar a Deus só pode acontecer vagarosamente, por um processo contínuo de afastamento. Ninguém abandona a fé porque, um certo dia, decidiu que não queria mais amar a Deus. Mas porque decidiu isso ao longo de muitos dias, mesmo que não tenha elaborado claramente essa afirmativa, muitas vezes só com gestos sem palavras.
O sociólogo Francesco Alberoni, em seu livro "Enamoramento e Amor", considera a fé uma experiência de "apaixonar-se", mas como "paixão" já adquiriu uma conotação muito sexual e vulgar, utiliza o termo "estado nascente" para descrever a força de um enamoramento que é capaz de levar a vida a um plano superor em intensidade e qualidade, não mais direcionada a si mesmo mas a um Ser que lhe ocupa a alma completamente. "O ente amado se converte naquele que não pode ser senão ele - o absolutamente especial", afirma, "a experiência é de libertação, de plenitude de vida, de felicidade". E é por causa da natureza deste sentimento que ele não pode ser dividido e entra em conflito com outros interesses. Enquanto encarado como um local de refúgio, permancerá sendo "estado nascente". Mas quando quer ser domando, controlado, integrado a interesses divergentes, descartando para isso o que não convém [na fé], o enamoramento se extingue.

Alberoni diz também que para podermos separar-nos saímos à procura de motivos. "No comportamento do outro buscamos tudo aquilo que justifique nosso afastmento: sinais de que ele não nos ama de verdade, de que e não nos ama como o amamos, razões para crermos que não nos possa amar no futuro. O sentido de tudo isso é o medo de nos entregarmos." "E os filhos de Israel disseram-lhes: Quem dera tivéssemos morrido por mão do SENHOR na terra do Egito, quando estávamos sentados junto às panelas de carne, quando comíamos pão até fartar! Porque nos tendes trazido a este deserto, para matardes de fome a toda esta multidão." (Êxodo 16:3). Quando estamos muito satisfeitos com o nosso mundo não podemos nos enamorar de Deus. Quando amamos a Deus os interesses mesquinhos e egoístas não nos parecem tão importantes. Nem Demas nem nenhum de nós poderia conciliar o amor do dinheiro, do status, do Ter, da aparência, do ventre, com o amor de Deus, para o qual nada disso vale. “Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele” (1 João 2:15).
O amor do mundo exige que nos concentremos em nós mesmos, trabalhemos só por nós mesmos e gastemos a vida sem considerar o que podemos fazer pelo outro. Dá a comodidade de não exigir mudanças, enquanto o amor de Deus nos constrange a isso. Por isso que quem tem o amor do mundo tão pode entregar-se a Deus. Tem com Ele apenas a fantasia da saciedade: obter o máximo possível e depois renunciar para não ceder ao risco exsitencial de se colocar completamente nas mãos do outro. Não pode viver um amor apenas de lembrar como ele foi no passado, nem pode suportar a tensão do enamoramento pois quer sua vitalidade contida e a isso se segue o que Alberoni chama de "petrificação". Mas felizmente cremos ser esse um processo reversível, Deus anseia por isso: "“Darei a eles um coração não dividido e porei um novo espírito dentro deles; retirarei deles o coração de pedra e lhes darei um coração de carne.”. Ez. 11:19.
"Ter novas experiências juntos: essa é a chave do prolongamento do enamoramento ativo. As energias extraordinárias do estado nascente dão, nesse caso, aos dois enamorados uma força muito grande para enfrentarem o desconhecido e o diferente, para superarem juntos as dificuldades. (...) Viagem feita em conjunto, ombro a ombro, depois de duras provas, descoberta e confronto, contínua reinterpreetação do mundo, contínuo reexame do passado histórico. Para alguns pode ser luta, poesia; para outros, simplesmente a capacidade de se maravilharem continuamente consigo mesmos e com o mundo, procurando sem cessar, não o que dá segurança ou o que já é conhecido, mas o que é desafio, beleza, criação. (...) O estado nascente renasce." E a alegria desse amor é tanta que faz a nós, que renunciamos o amor do mundo, amarmos o mundo todo.

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"O enamoramento é o abrir-se a uma existência diferente sem qualquer garantia de que esta se realize. É um canto altíssimo sem a certeza de uma resposta. A grandeza do enamoramento é deseperadamente humana pois oferece momentos de felicidade e eternidade, cria um desejo ardente, mas não pode oferecer certezas. E quando vem a resposta do outro, do amado, aparece como algo imerecido, uma dádiva maravilhosa que nunca se pensaria em ter. Uma dádiva que vem toda do outro, do amado, por escolha sua. Os teólogos criaram uma expressão para indicar essa dádiva: graça." (Alberoni, Enamoramento e Amor, p. 23)

Ora vem, Senhor Jesus.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Geografia divina

É fato que quem mora nas metrópoles brasileiras vive querendo dar uma escapulida, num feriadão qualquer, para a cidadezinha tranquila mais próxima. Nem precisa ser linda e completamente tranquila: se tiver filas menores nos supermercados, trânsito fluindo e um único bom restaurante já é considerada um pequeno paraíso. Mas é quase impossível a quem realiza uma pequena fuga dessas não ouvir de alguém que mora na cidadezinha ideal: "Nossa, então você é de (...)?? Não sei como você consegue viver lá! Com toda aquela violência, aquele barulho, aquela loucura... eu não aguentaria." A primeira resposta que vem à boca - e que é devidamente vetada por um Superego educadinho - é: "Bem, eu também não sei como consigo, mas não tenho muitas alternativas. Se pudesse estaria morando aqui, mas mesmo aqui ainda precisaria fazer coisas como comer, me vestir e ir ao médico, e para isso precisaria de um emprego razoável - coisa não muito fácil de achar em cidadezinhas perfeitas."

A reposta traz mesmo uma pontinha de despeito. Mas aparentemente justifica (para nós mesmos) nossa falta de qualidade de vida. É bem verdade que nos aborrece o questionamento simplista dos mais afortunados. Certo primo meu que mora no Rio de Janeiro e passava as férias no interior do Rio Grande do Norte, teve que amargar o caminho inteiro de volta da praia o taxista querendo lhe convencer de que o Rio era um lugar perigoso e horrível e impossível de se viver, tentando neutralizar qualquer elogio à Cidade Maravilhosa e declarando sua pena profundíssima por meu primo morar lá. Coisa chata! Mas nossas justificativas também escondem uma verdade que nem sempre vemos claramente: também nos acostumamos à comodidade das grandes metrópoles. Além de empregos melhores temos restaurantes melhores (mesmo que a fila seja um dissabor só), temos melhores médicos, concertos e programações culturais, um comércio onde é fácil encontrar tudo que se quer, serviços e produtos especializados que proporcionam algum conforto para nossa vida atribulada e nos dão a ilusão de que "vivemos bem". Isto é, desenvolvemos bronquite asmática por causa da poluição mas a farmácia vem deixar o melhor remédio no domicílio sem taxas adicionais. E isso nos parece até mais cômodo que ter de andar um quarteirão da cidadezinha ideal para ir até a farmácia uma vez na vida.

Esta comodidade não é privilégio de quem usufrui dos "benefícios" de uma cidade grande. Basta os telejornais começarem a mostrar cenas de gente sofrendo em algum lugar de mundo para ouvirmos discursos - muitas vezes proferidos por nós mesmos - sobre como essa gente aguenta morar lá. Os cubanos? Aquilo é absurdo! Como pode gente esclarecida como os médicos, professores e músicos de lá viverem sob o tormento de uma ditadura que lhes priva desde comida até o acesso à literatura, que lhes proíbe desde a expressão livre da palavra até a divulgação de descobertas científicas que poderiam salvar gente do mundo todo? E os mulçumanos? Aquelas mulheres escravizadas e destinadas ao silêncio desumano, aqueles homens aterrorizados e presos a uma guerra que não acaba nunca? E o que dizer chineses (as olimpíadas inflamaram os dicursos humanitários), dos angolanos, sudaneses? Por que não mudam de lá os sertanejos famintos da caatinga, os catarinenses vulneráveis, os recifenses que todo ano veem casas vizinhas desabarem de cima do morro? Parece que todo mundo, no mundo inteiro, deveria mesmo é se mudar para Natal.

Tirando as determinantes sócio-econômicas que impedem as pessoas de saírem de seus locais de origem por causa simplesmente do dinheiro, há ainda outros vários fatores que mantém essas "incógnitas" geográficas. A religião, por exemplo. Vi uma entrevista com certa mulçumana de mãe brasileira que, mesmo vivendo sob o terror das bombas em Gaza, diz que prefere morrer jovem lá que velhinha no Brasil, pois se morrer lá crê que seu martírio lhe valerá grandes benefícios no mundo após a morte, o que não aconteceria se morresse aqui no Brasil. Embora a idéia pareça absurda a muitos de nós ocidentais faz parte do código moral que ela assimilou como correto através de sua religião, e o que pode ser visto como falta de amor à vida é justamente um profundo apego ao sentido mais amplo dela. A cultura também tem sua parte. Há pessoas que tem um senso de pertença muito forte quanto a terra em que nasceram, e preferem viver lá apesar de todos os problemas, pois sentem que o viver ali faz parte de sua própria identidade, e isso lhes é imprescindível. É o que acontece com alguns índios, por exemplo. Há ainda fatores emocionais e psicológicos: o convívio com a família, a pouca habilidade para lidar com mudanças. E muitos outros aspectos, mas como isto aqui não é uma tese sociológica, quero convidá-lo a pensar num fator especial: o espiritual.

Antes de pensarmos, falarmos e repassarmos e-mails falando sobre o "absurdo" que é para essas pessoas viverem onde estão, pensemos em nossa própria condição como cristãos. O quanto nós já nos acomodamos num mundo que por causa de sua decadência se tornou um lugar árido demais para qualquer filho de Deus viver? Embora a Bíblia nos aponte um mundo bem melhor, é comum a muitos de nós passarmos a vida pedindo a Deus que nos ajude a crescer e prosperar aqui. Pedimos saúde para trabalhar, e trabalho para ganhar dinheiro. Pedimos que nos abra as portas para oportunidades de subirmos na vida - nesta vida - mas quase nunca essa subida inclui algo mais alto que um edifício empresarial.

Não é errado pedir essas coisas, o próprio Cristo nos orientou a pedir o pão de cada dia na oração modelo, mas na mesma oração acrescentou: "Venha a nós o Teu Reino". Acontece que por vezes nos acomodamos ao pão terreno e ambicionamos apenas mais delícias da padaria. "Dá-me o pão, mas aquele pão doce com uma cereja em cima, e também o croissant, o bolo de chocolate e...". Será que, absurdamente, esquecemos de pedir também pelas coisas do Reino (e não falo do queijo)? Será que a idéia de um mundo perfeito foi ofuscada pelo comodismo de desfrutar os prazeres efêmeros e materiais deste mundo? Nas nossas orações o que pedimos tem mais a ver com este mundo ou com o vindouro? “Pois que aproveitará o homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma...?” (Mateus 16:26)

Se esquecermos de pedir - e viver - pela vinda do Reino de Deus, logo estaremos amando mais a este mundo que as coisas do Altíssimo. O Céu - falo não só da Nova Terra como da atmosfera celestial que já podemos vivenciar aqui - é para aqueles que o desejam, que o aguardam, que anseiam por ele e que querem levar todas as pessoas (amadas ou não) para lá. E não pelas coisas boas que ganharemos - isso é uma extensão do pensamento mesquinho que nos leva ao apego das coisas terrenas- , mas por causa da Pessoa de Cristo que é toda razão, essência e motivo para querermos esse céu. É por ele que, morar aqui, no Sudão ou em Papua Nova Guiné não faz grande sentido, nem tem tanta importância. É com Ele que queremos morar.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Recebi de graça - Caixa de livros de Ellen White (inglês)

Esta dica interessa a adventistas e cristãos em geral que queiram ler Ellen G. White no original ou que desejem melhorar seu inglês. A Igreja Adventista do Sétimo Dia nos EUA está distribuindo gratuitamente caixas com quatro livros da escritora: "The Desire of Ages" (O Desejado de Todas as Nações), "The Last Call" (Que me parece uma compilação como "Eventos Finais"), "In The Beginning" (este me pareceu algo como "História da Redenção") e "Heavens Healing" (sobre saúde e qualidade de vida). O valor da caixa é cerca de quartenta dólares, fora custo de envio.
Siga a regra do bom pedinte e só peça se você realmente for ler ou dar para alguém que leia os livros. Para recebê-los basta se cadastrar NESTA PÁGINA e confirmar seu cadastro através de um e-mail que receberá em seguida. A confirmação é indipensável para eles mandarem. Dos 25.000 boxes que o site está dando ainda restam cerca de 18.000 mas não creio que durarão muito tempo. O meu não chegou ainda mas hoje recebi um e-mail confirmando que ele já foi enviado por um serviço de postagem com prioridade (tudo grátis). Conheço uma garota que já recebeu sua caixa.
Navegue também pelo site do projeto, que tem belos e interessantes vídeos, palestras, estudos e muito material de qualidade. E que esse ímpeto envagelista nos contagie para que nós - que não temos verba para doar tanta literatura - possamos distribuir o amor de Deus em doses generosas por aí.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Lua Perfeita

Acabo de decidir que os textos não serão necessariamente semanais. Este é o prazo máximo, mas sempre que der vontade virei aqui. Do contrário acabo perdendo a essência do que queria escrever. Segue mais um, então.
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Percebo que em cada lugar por onde passo há algo na natureza que impressiona particularmente ali. Parece que cada cidade tem uma vocação distinta em seu conjunto de belezas, e isso é o bom de viajar muito: cavocar e conhecer essas particularidades, reconhecendo nelas a assinatura de uma Artista caprichoso, que fez questão de distribuir êxtases de beleza por toda a Sua criação.

Natal, por exemplo. Não há melhor lugar para ver o pôr-do-sol porque há ali uma claridade característica que eu não encontrei no céu de nenhuma outra cidade. No quesito brisa marítima também ganha disparado. Já o mar de Maceió é uma coisa estupenda, não há verde mais encantador que o das praias de lá. Em São Paulo o verde magnífico é o das plantas [que restaram], ele é diferente, mesmo considerando suas diferentes matizes, e não acho que tenha algo a ver com a poluição... nenhuma folhagem me mostrou um verde mais dramático que o de lá. E talvez tenha mesmo a ver com a poluição: entre tanto cimento e fumaça o verde deve querer gritar para sobressair.

Aqui em Recife há os céus de inverno, nos meses de julho a setembro, que são um espetáculo de cores. O sol e as nunves púmbleas se misturam criando cenários que a gente quer emoldurar. E ainda tem - descobri recentemente - as luas de janeiro. Não lembro de ter visto em outro lugar luas cheias como as daqui. Nem nas mais bucólicas terras potiguares. Este sábado vi a lua cheia mais brilhante que já vi na minha vida, sem dúvida alguma. Pensei que pudesse ser um embaçamento nas minhas lentes de contato mas meu marido confirmou: aquela lua estava um desespero de bonita. O brilho invadia o céu com uma força poética que fazia calar mesmo as invejosas luzes da cidade. Tudo aqui embaixo era tocado por aqueles braços prateados, e até meu filho ficou embasbacado a ponto apontá-la, fazendo o mesmo sinal de quando quer os biscoitos na prateleira, e me pedir "Uaaaaaa! Mi dê!" (tradução: "Lua! Me dá ela, mamãe!). Meu marido então disse: "É, realmente esta lua hoje está perfeita". E ninguém perdeu mais tempo com adjetivos.

O que fez a lua mais perfeita neste sábado? O céu sem nuvens de Recife? Sua distância em relação à Terra naquela noite? Sua posição em relação ao Sol que a fez refletir melhor a luz deste? O privilégio de estar olhando para ela junto a pessoas que amo? O fato é que essa lua linda e perfeita continuava lua em sua essência. E a perfeição abrangia mesmo sua face esburacada por crateras tão grandes e irregulares, mas tanto mais perfeitas quanto mais visíveis. Abrangia também a seca e fria poeira lunar de quem nem nos lembramos aqui, mas que cobre todo o satélite dando-lhe aquele ar desolado nos vídeos da NASA. Tão sem cor, a lua, tão silenciosa, tão pequena frente a outros vários astros mais vistosos. Mas perfeita aos nossos olhos e corações.

Nessas horas reconheço uma qualidade divina que carregamos conosco, a qualidade de reconhecer o valor das coisas em si, e não por padrões pré-estabelecidos, esta última uma típica atitude humana. Nos acostumamos a medir e sermos medidos segundo referências arbitrárias. Por que a mulher na capa da revista feminina é bonita? Ou por que sou tratado diferente se estou com roupas sociais? Porque ser alto é uma prerrogativa para ser atraente e ter um cargo administrativo na igreja me faz parecer mais santo? Muito do que somos e fazemos é determinado por essas tais referências que já nos deram prontas e acabadas, não ousamos contestar, assentimos e tentamos nos adaptar a elas.

Mas cada ser humano é uma paisagem para Deus, uma paisagem que traz em si algo de muito valioso, uma beleza característica que não pode ser encontrada em nenhum outro indívíduo. Não importa se sua face foi esburacada pela ingratidão, não importa se você vive e trabalha num lugar tão árido ao espírito como o terreno lunar. Deus é capaz de ver além da poeira que recobre sua alma, não o mede por sua altura porque te olha na altura dos olhos, não te mede também por bens ou cargos porque já te viu chorando. Sabe como você tem beleza porque conhece o seu sorriso. E basta que você reconheça um aceno dEle para que Ele veja você brilhar perfeito. É que, não os raios do sol, mas a sombra de uma cruz, ao incidir sobre nós, inspira em Deus amor e poesia. E Ele nos vê, mais uma vez, com olhos de Pai apaixonado por sua criação, de Menino* que viu algo tão lindo. Se fecharmos os olhos em oração, poderemos até vê-lO sorrir acenar uma vez mais: "Dá-me, filho meu, o teu coração..." (Prov. 26:23).

*Aos teologicamente puristas, meus perdões. Mas quando penso num ornitorrinco, por exemplo, só consigo visualisar Deus criando-o com ares de Menino.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Adveniat - O Deus que você não viu no shopping

Ah, me convenci que é impossível para mim fazer um texto com menos de 500 palavras. Enxuguei o máximo e ainda assim só cheguei nas 550. Acho que não vou me preocupar mais com isso não. Só volto a cortar se o Mário achar necessário, porque aí tem a ver com o padrão do site. Quem sabe com um pouco mais de treino... hehehhe. Engraçado, tem textos que escrevo e gosto do que escrevi, acho bonito (como o anterior). Esse me assustou depois de pronto, como se eu tivesse parido um filho que ao invés de chorar recitasse Karl Marx.

O DEUS QUE VOCÊ NÃO VIU NO SHOPPING

Passadas as festas de final de ano sempre me invade uma vontade danada de não ver um shopping nunca mais. É mais que cansaço e antipatia, é uma certa desilusão depois de ver tanta gente garimpando felicidade pela compra-e-venda. Os sorrisos e gentilezas parecem feitos do mesmo material do objeto que iremos comprar. O shopping é um lugar todo projetado para o estupor dos sentidos, para nos dar a sensação que saímos de lá mais confortáveis, ainda que tenhamos comprado um scarpin que destruirá nossos dedos no primeiro uso.

É um dos males do nosso tempo: o servir está sempre atrelado a um interesse, que desembocará irremediavelmente no desejo de ser servido. O vendedor com cólicas precisa forçar um belo sorriso pois está querendo trocar de carro ou celular. E todos desejam ser servidos com conforto, qualidade e rapidez, entendendo isso como requisito para uma vida feliz. Por que então a solidão, o tédio, a doença?

Penso que a particularidade mais característica do cristianismo é o serviço desinteressado por amor a Cristo. Mas mesmo a religião tem sido em nossos dias invadida por uma atmosfera de shopping, onde não basta ser servido, há que se ter o que quer com muita facilidade. Há que se oferecer abundância e conforto a todos os sentidos para que eles fiquem embotados a ponto de não discernirem mais, e serem suavemente conduzidos pelas escadas rolantes até a presença de um Deus que possa ser negociado a gosto do cliente.

Esse tipo de religião, que pode estar presente em qualquer denominação, tem a oferecer:

- O deus loja de automóveis – ele é rápido e você o dirige.

- O deus fast food – deus quer você feliz! Delicie-se com o que seus sentidos desejarem sem se preocupar com o dia de amanhã.

- O deus loja de roupas - Se ajusta perfeitamente nas suas medidas e você usa quando quiser, trocando-o por outro mais adequado conforme a ocasião.

- O deus salão de beleza - Disfarça suas imperfeições, embelezando aquilo que você não pode mudar (nem quer) para uma aparência de piedade.

- O deus loja de decorações - Aqui você encontrará música, pregação, e ainda lindas programações decorativas para sua igreja, que nunca afrontarão o seu gosto pessoal. Com beleza e requinte quem precisa de conteúdo?

- O deus loja de importados - a diferença entre o verdadeiro e o falso é quase imperceptível, ninguém perceberá a autenticidade do seu cristianismo.

- O deus "TVshop" - Você viu na TV! Esse Deus realizará todos os seus sonhos com apenas cinco minutos de uso por dia! (também conhecido com "a seita cheque")

Mas ainda há religiosidade que está comprometida com o Deus Eu Sou, o Deus que não se vende mas que se deu gratuitamente por nós. Quem quer, na contramão do mundo, viver este tipo de religião, vai buscar Deus na Bíblia, fonte mais segura para achar dádivas eternas, que nunca se misturarão ao pó da terra. E na Bíblia lemos: "Ide [...], pregai [...], curai enfermos, limpai leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios: de graça recebeste, de graça dai." (Mateus 10: 6 - 8). Ocupe mais tempo de sua vida com serviço cristão abnegado, e respire o ar celestial acima da atmosfera do shopping. Porque "É chegado o reino dos céus" (Mateus 10: 7).

Recebi de graça - DVD de Israel

Meu marido ama assitir TV. E todo o sábado tem que cavocar arquivos ou rever os velhos DVDs pela ducentésima vez, tadinho (pero no mucho). Por isso me interessei deveras por este DVD de Israel, oferecido gratuitamente em um site turístico. Não é assim uma Brastemp: possui apenas uma música. Mas a música é bonita, bem arranjada, o cantor tem uma bela voz, e as cenas do lugar são mesmo de dar vontade de ir lá - logo após o cessar-fogo. Ainda tem a versão instrumental e o karaokê para você fazer sua própria versão, uma proposta interessante para o sábado à tarde da família, não?
Esta primeira dica de brinde vai em homenagem a este sábado que chegou tranquilo para nós em nossas poltronas, mas que não poderá ser um dia deleitoso para muito de nossos irmãos que nem podem encostar a cabeça para dormir de medo (falo dos palestinos também). Triste um lugar tão lindo ser palco de tantas atrocidades. Lembremo-nos do dia do sábado e de orar por eles também."O Senhor te abençoará desde Sião, e tu verás o bem de Jerusalém em todos os dias da tua vida. E verás os filhos de teus filhos, e a paz sobre Israel" (Sl 128: 5 - 6)

Para pedir o seu vídeo, CLIQUE AQUI.
Preencha o formulário sem usar acentos e aguarde: o meu chegou rapidinho.

Por que Deus?

Recebi um convite de Mário Jorge Lima para fazer parte do projeto Adveniat como articulista do site. O que fiz para merecer esse convite? Nada, foi uma dádiva graciosa. Era o empurrão que faltava para colocar em prática o plano recém reelaborado de voltar a escrever minhas reflexões semanais em 2009.

Fiquei com um frio na barriga: estou enferrujada depois de quase três anos sem escrever estes devocionais, a responsabilidade é muito grande, este ano promete ser muito consumidor em relação a minha vida profissional, também estou planejando engravidar de novo, e ainda tem a reforma ortográfica, da qual estou totalmente por fora (ora, eu que nem costumo revisar meus textos). Além disso, mil contratempos e afazeres cotidianos, com um dedinho do Tinhoso para reforçar minha insegurança. Mas vamos em frente.

O primeiro texto do ano segue abaixo. Só tem um problema: não sei se vai para o site. É provável que fique por aqui mesmo porque pra lá pretendo mandar textos que caibam no formato de uma página de livro, tipo meditação matinal, com cerca de 400 palavras, e este aqui ultrapassou as 900, huahuahuah. Até tentei enxugar, mas para chegar às 400 teria que fazer cortes que comprometeriam a mensagem. Só se partisse em duas ou três e fizesse uma série, heheheh. Decidi no entanto deixar do jeitinho como está. Porque gostei assim mesmo. E vou fazer outro texto para o site mais tarde. É isso, habemus Lux, glória a Deus.

POR QUE DEUS?

Desde que comecei minha vida religiosa gosto de escrever e pregar sobre Deus. Descobri cedo que quem tem essa tendência tende também a assumir a postura “eu digo a você o que fazer”, passando a se comportar não só como porta-voz de Deus, mas como Seu próprio dedo indicador. Esse é o caminho mais fácil: apontar, diagnosticar e prescrever o remédio para o que está fora de nós. É também, no entanto, o caminho que mais nos afasta do tema de nossas pregações, uma vez que Verdade não é um conjunto de prescrições sensatas, Verdade é uma Pessoa, e é da experiência com essa Pessoa que vem o testemunho, lugar onde mora o poder da pregação. “Pois nós não podemos deixar de falar das coisas que temos visto e ouvido”. (Atos 4:20).

Mesmo sabendo disso, é bem difícil para alguém que foi chamado a testemunhar pela Palavra fugir de fórmulas prontas e explanações genéricas sobre verdades aceitas por qualquer homem medianamente sensato. Por isso mesmo Deus providencia meios de confrontar o conhecimento adquirido pelo homem de forma meramente intelectual, inquietando-o a tal ponto que uma mesma pergunta pode persegui-lo por anos, fazendo-o buscar com ardor todas as fontes de revelação divina e aguçar bem os ouvidos do espírito. Enquanto busca essa resposta em particular, aprenderá muito mais, chegará mais e mais perto do Pai, e assim poderá apresentá-lo cada vez mais nitidamente em seu ministério da Palavra.

A mais recente pergunta que Deus enviou para me inquietar foi daquelas bem capciosas: "Por que Deus?". Ela veio dos lábios de um amigo, cristão sincero e dedicado, que passava por uma crise envolvendo vários aspectos de sua vida. A lógica de sua pergunta vinha de frustrações e desesperanças continuadas, contras as quais tentara reagir por várias vezes sem sucesso. "Não sinto que Deus está me dando forças para vencer, não sinto que eu tenha que aprender algo em especial, pois pelo tempo que já estou passando por isso já aprendi todas as lições possíveis. Não sinto que Deus esteja fazendo nada a respeito esses anos todos, e na verdade não sinto Deus por mais que eu me esforce em buscá-lo e serví-lo... Então, porque tenho que continuar acreditando em Deus?"

A resposta a meu amigo daria um tratado teológico. E é bem possível que a Teologia lhe desse um punhado de boas respostas, todas com irrefutável embasamento bíblico. Renomados escritores cristãos poderiam apresentar-lhe lindas e contundentes respostas também, em livros inspirados e cheios de sabedoria divina. O problema é que acho que meu amigo já leu dois terços de todos esses livros e tratados de teologia. A resposta que vai lhe satisfazer - a mim também, que tomei sua pergunta emprestada - não foi nem será respondida por nenhum outro ser senão o próprio Cristo, experimentado individualmente em sua vida.

Porque, embora muitos queiram, espiritualidade não tem a ver apenas com razão. O raciocínio pode até levar alguém a crer, mas somente um encontro pessoal e profundo com Cristo pode levar esse alguém a continuar crendo. E justamente por ser pessoal, ninguém pode ditar como, onde e por qual maneira esse encontro se dará. Pode ser num momento, pode ser que o encontro seja a busca de uma vida inteira e se traduza na própria busca. Levantar a mão, ficar de pé, batizar-se, ir ao culto, são expressões de que se deseja essa experiência, mas não constituem necessariamente a experiência em si, daí porque muitos voltam a sentir-se vazios dias depois de se prostarem diante do altar depois de um sermão maravilhoso, seguido de um apelo arrebatador.

O que posso dizer ao meu amigo só me ocorreu agora, depois de muitos dias com sua pergunta martelando meu espírito. A minha resposta, aquela que veio da minha experiência particular, dos meus desertos, montanhas e lamaçais, está no senso de direcionamento que Deus dá a minha vida. Sem Deus eu acordo, estudo, trabalho, leio, cozinho, escrevo, passeio, faço coisas boas, prazerosas, erradas e algumas dignas da Madre Tereza de Calcutá. Mas estão todas desarticuladas, vazias de um sentido orientador.

Com Deus, tudo que faço ganha um sentido maior. E isso não tem a ver com as coisas que Ele possa vir a fazer por mim, ou me dar como recompensa. É algo bem difícil de traduzir em palavras, mas tem muito mais que ver com um gostar de estar ao lado dEle, de pensar nele. Já não leio um livro apenas, mas leio buscando ali algo que me remeta a Ele. Já não vejo apenas, contemplo, examino, questiono. Passear, estudar, cozinhar ou trocar a fralda do meu filho não são mais atos vazios, mas podem me dizer algo. Este “estar-à-espera” de uma revelação da Graça é o que move minha vida e o que me deu tudo de realmente bom e durável na minha experiência cristã.

Por que Deus? Porque sinto que já não posso viver sem a alegria de encontrá-lo e reencontrá-lo a despeito de como as coisas estão ao redor ou do quanto sou capaz de sentí-lo neste momento de minha vida. O sentir e o pensar de repente parecem muito pequenos e a palavra, impotente. E mesmo se eu cantar, pintar, fizer versos ou uma tese teológica não acho mesmo que conseguirei dar aos outros senão parte desta alegria, que é o que dá eloquência divina a gestos tão diversos como dar um bom dia e pregar numa igreja lotada aos sábados. Não sei se posso dizer dizer muito mais que isso ao meu amigo, ele precisa mesmo encontrar sua própria resposta. Talvez esta alegria no sentido divino imprima digitais na alma que constituem um elo exclusivo entre o indivíduo e Deus. Talvez essa alegria sem palavras seja amor.

Ele não desiste

E não me refiro a Deus, no momento.
Mal comecei a reorganizar minha vida devocional e já sinto a correnteza contra mim.
Desde coisas grandes, envolvendo decisões que podem mudar radicalmente a vida, até coisas pequenas como um computador que insiste em aparecer com todos os defeitos do mundo bem na hora que começo a redigir minha primeira meditação do ano. Pode até soar meio paranóico, mas cada um conhece muito bem o espinho que traz encravado na carne. Pode sentir todo tipo de dor, mas sabe quando o incômodo vem particularmente daquele chato e velho espinho.
Que bom que Deus TAMBÉM não desiste.

"Quando passares pelas águas, eu serei contigo; quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti" (Isaías 43:2)

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Mateus dez, verso oito

Tudo que de mais significativo aprendi na minha vida tem a ver com Graça. A Graça que emana de Deus e transborda por alguns instantes na vida de suas criaturas. A Graça que transforma, renova, vivifica, surpreende. E cada criatura de Deus, sem exceção, teve, está tendo ou terá uma experiência com a Graça onde poderá contemplar a face de Deus em momentos de eternidade.

Tenho muitas histórias com a Graça, que pretendo ir contando e recontando aos poucos aqui. Começo 2009 comprometida em voltar a escrever. Colocarei aqui meus textos novos e alguns antigos também. Minha intenção é que sejam prioritariamente de cunho espiritual, mas aqui ou acolá pode escapar algum documento poético sobre maternidade, amor, tristeza... vida em geral.

Também amo dar e receber presentes - ainda bem que sou pobre, se não iria rapidinho à falência. Essa minha queda pra "Babette" me fez conhecer um grupo de pessoas muito interessantes, conhecida por um nome pouco atraente: os pedintes virtuais. São pessoas que pesquisam em sites do mundo todo os mais diversos tipos de objetos que são dados gratuitamente como brinde, propaganda, amostra grátis ou afins. Os mais éticos têm regras definidas, e a principal delas é pedir apenas o que lhe interesse de fato (surpreende a quantidade e tipo de coisas que estão dando por aí). Seguindo este critério eu também me tornei pedinte, e à medida que meus mimos forem chegando eu colocarei aqui uma foto do dito cujo e o modo de conseguí-lo, pois como a mim, eles podem vir a ajudar alguém.

E por enquanto termino esta pequena apresentação pois ouço o chamado da maior dádiva divina que já recebi: meu filhote, que está reclamando o almoço.

Até mais!