sábado, 11 de julho de 2009

Adveniat - A volta

A mensagem de hoje foi construída sobre o texto que está em Jeremias 46: 27 – 28: "Mas não temas tu, servo meu, Jacó, nem te espantes, ó Israel; pois eis que te livrarei mesmo de longe, e a tua descendência da terra do seu cativeiro; e Jacó voltará, e ficará tranqüilo e sossegado, e não haverá quem o atemorize. Tu não temas, servo meu, Jacó, diz o senhor; porque estou contigo."

Este texto me fez lembrar um amigo que me perguntou: "Mas por que tem que ser tão difícil se livrar do pecado? Deus não tem poder para acabar com essa tendência pecaminosa num instante se Ele quiser? Ele não sabe o quanto dói ter que lutar para fazer a coisa certa?". O texto bíblico responde maravilhosamente a essa indagação. Ele fala de Deus olhando para um filho que se afastou para longe, e lá longe sentiu como sua vida estava ruim longe de Deus.

Deus poderia olhar para esse filho e dizer: "Bem, você escolheu ir embora, agora sofra as conseqüências dos seus atos." Se fosse assim, Deus estaria sendo justo. Mas Deus não é justo conforme nosso conceito de justiça. Com Seu amor Ele diz: "Eu sei que você está sofrendo. Eu não quero que seja assim, por isso não tenha medo nem se apavore, que tudo vai ficar bem".Deus promete que vai nos libertar da escravidão e que voltaremos até o lugar do qual nunca deveríamos ter saído, o lugar e modo de viver excelentes que Ele preparou para nós. Mas Ele diz também: "Você foi embora com suas próprias pernas, agora terá de voltar com suas próprias pernas". Repare que as palavras "tranqüilo", "sossegado" e "não haverá quem o atemorize", são usadas para quando o filho chegar a esse lugar excelente. Não são usadas em relação ao caminho que ele vai ter que passar até chegar lá. Porque o caminho de volta é longo, penoso, espinhoso, cansativo, tem a propriedade de enfatizar a distância que o filho está de Deus.

“Por que tem que ser assim?”, o filho pode perguntar esperando um pouco mais de misericórdia. Mas é a resposta é: porque, para que o filho entenda exatamente o tamanho da graça de Deus, ele precisa entender antes o tamanho da sua desgraça. Se a caminhada do pecado para a santidade fosse fácil, nós não saberíamos a diferença entre os dois. Cristo nem precisaria ter morrido por nossos pecados, pois bastaria a Deus tirar o pecado de cada um e tudo estaria bem, não é? Claro que não! Isso sim é injustiça. Cada vez que reclamamos com Deus de que Ele não está nos ajudando a vencer o pecado estamos desmerecendo o sacrifício de Cristo que sofreu mais que qualquer um de nós, mesmo sendo o Filho Unigênito de Deus.

É duro ouvir isso, mas não há outro modo de voltar para casa senão andando. O papel de Deus nessa caminhada é providenciar um atalho para que não soframos mais do que podemos suportar, e seguir passo a passo ao nosso lado, nos segurando quando estamos prestes a cair sem forças. Aquela história que Jesus te pega nos braços e te leva pelo caminho é ótima mensagem para cartão de natal, mas não condiz com a verdade bíblica a respeito da santificação. Jesus nos ampara em Seus braços, cuida de nós, nos alimenta, nos dá água da vida, sara nossas feridas, depois nos põe de pé e diz: "É hora de voltar a andar, vamos lá?". E você tem que andar novamente.

Deus repete quantas vezes for preciso: "Não temas, que estou contigo". É a promessa que temos de nos apegar todos os dias. Mesmo que não sejamos capazes de vê-lO, ou de sentí-lO. Quando não estivermos sentido mais do que um enorme vazio e uma solidão aterradora, ainda assim precisamos confiar nessa promessa, pois a fé não está condicionada aos nossos sentidos; a fé é uma atitude que transcende qualquer lógica ou sentimento humano. Se você não consegue sentir Jesus ao Seu lado, apenas repita: "Tu estás comigo!" e dê mais um passo. Logo você terá a percepção de que, à medida que caminha, aquele pecado que te incomodava tanto e te fazia contorcer de dor agora já não perturba da mesma maneira. Não se engane achando que chegou ao fim! Satanás também segue o filho que quer voltar, e a sensação de que um pecado está suplantado é uma das armadilhas que ele põe no caminho. É preciso caminhar no mesmo sentido sempre: Bíblia, oração, testemunho!

No caminho de volta compreenderemos um a um o preço dos nossos pecados. Mas devemos ter em mente o alvo: um lugar tranqüilo, sossegado, sem medo, onde haveremos de chegar na companhia de Cristo, que nos acompanhará em todas as dificuldades, e, a cada vitória diária, nos fará mais fortes para vencer amanhã, e depois, e depois...

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