sábado, 25 de julho de 2009

Adveniat - Você é feliz?

Estou com dificuldades para escrever. Os dois textos passados foram reedições de textos de 2005. Este é inédito, mas fiquei uma boa meia hora na frente do computador antes de começá-lo. Tinha a idéia mas não conseguia desenvolvê-la. Isso nunca foi um grande problema para mim, mas agora tenho me sentido assim. O que pode ser? Um clínico geral diria (como dizem de tudo): é estresse. Pode ser. Mas isso me deixa mais estressada, hehehhe.

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Era exatamente o que dizia a frase pichada num muro sujo da cidade. Entre outros tantos grafites e pichações, ela não passou despercebida a mim e, acredito, nem a tantos outros que a leram. Porque essa indagação inquieta. Evoca situações de conflito, mágoa, dor e até – por que não? – de felicidade. Mas sempre faz estalar algo no peito, algo que diz respeito a nossa relação com a vida e realização como seres humanos. Por trás da frase outras perguntas se escondem: “O que você tem feito a respeito da sua própria felicidade?”, “Quanto da sua rotina realmente lhe agrada e quanto lhe é imposto contra sua vontade de ser feliz?”, “Se já foi feliz algum dia, por que não é mais?”, “De quem é a culpa por isso?”, e tantas outras, que vão ocupando a mente até a hora dela se concentrar em algo “sério”, como o trabalho, por exemplo.

Penso que a constatação da infelicidade é algo que mexe tanto conosco porque ser feliz é algo irrenunciável. Mesmo o mais miserável dos homens deseja ou ao menos aprecia a felicidade. Você pode desistir de um plano, de um alvo, de um prazo, até de um sonho. Mas o homem médio, aquele que se encaixa dentro dos padrões da normalidade emocional, não consegue desistir de ser feliz, ainda que não faça nada a respeito disso. Aliás, o “não fazer nada a respeito disso” é uma das mais freqüentes causas de infelicidade. Num século onde tanto de nosso tempo é ocupado pela necessidade de sobreviver e acumular – bens, dinheiro, status – há pouco lugar para meditar sobre os valores que conduzem à felicidade. Há mesmo quem prefira chamar felicidade ao ato de sobreviver e acumular. Mas surgirá um momento em que os sentidos não estarão tão sobrecarregados, e nesse momento surge a falta de algo indizível... o que mesmo? Falta de ser feliz. Mais que isso: falta de sentir-se feliz.

“O que tenho feito a respeito da minha felicidade?” Essa pode não ser a pergunta ideal. Estamos sempre muito preocupados em fazer algo por nós mesmos – quando muito, pelos outros. Mas precisamos fazer. O verbo nos assedia em busca da felicidade: sair, passear, descansar, orar, ler, beber, divertir, comer, dar, procurar, amar, fazer, fazer, fazer. Já a infelicidade prefere a voz passiva: fui injustiçado, fui traído, sou maltratado. No entanto os momentos mais felizes parecem ser aqueles em que recebemos a felicidade passivamente, sem necessariamente ter feito algo para merecê-la, em meio a situações de vulnerabilidade extrema. Estou falando de Graça.

Veja o que aconteceu ao profeta Elias. Em I Reis 19 lemos o relato de um homem que se sente bastante infeliz a ponto de desejar a morte. E quando indagado por Deus a esse respeito – “Que fazes aqui, fugindo da vida?” – o profeta começa respondendo: “Tenho sido zeloso pelo Senhor...”, e mais adiante acrescenta com ênfase: “Tenho sido em extremo zeloso pelo Senhor”. Elias estava infeliz porque, apesar de fazer tudo para agradar a Deus, não se sentia feliz, mas perseguido e injustiçado. Cada um de nós tem seus próprios motivos para se sentir infeliz, mas uma causa é comum a todos: “Nada do que faço me faz sentir mais feliz!”.

Interessante observar que Deus não elogia Elias por seu zelo e merecimento, não diz que vai lhe recompensar por ele ter feito tudo direitinho. Deus simplesmente esclarece que está cuidando dele, embora ele não veja isso. “Vai, volta ao teu caminho”, Deus ordena, e lhe diz que não está só, que o Senhor está e sempre esteve no controle da situação.

Deus no controle? Por vezes só percebemos isso quando algo nos foge ao controle. Essas situações dão a Deus a chance de mostrar Sua presença atuando em nossas vidas, ainda que seja num cicio tranqüilo e suave (verso 12), o que denota capacidade de percebê-lo nas sutilezas. Acostumados que estamos a ter de fazer, não é com facilidade que aceitamos que a nossa felicidade pode ser uma dádiva, não algo conquistado. Portanto quando nos virmos diante da sensação de infelicidade, perguntemo-nos: “Será mesmo infelicidade, ou sou eu que não consigo ver que Deus está cuidando de mim?” “Será que sou mesmo infeliz, ou apenas não gostaria de dar a Deus os méritos pelo bem que me alcançará?” A Bíblia nos prova que a felicidade não tem que ver com sermos bons ou poderosos. Mas em reconhecemos a Fonte da bondade e do poder.

2 comentários:

Marco Aurelio Brasil disse...

Oh, yeah.

Marco Aurelio Brasil disse...

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