domingo, 11 de maio de 2008

11. DEDICAÇÃO - Projeto Imagem e Semelhança

Original: Revelation – David Phelps
Versão: Luciana D. Teixeira de Araújo

Em oração eu te pedi:
“Brilhe tua face sobre mim”.
E um anjo bom trouxe luz,
tocou-me com a graça celestial.
Este anjo da vida
depôs em mim um lindo ser
que hoje eu venho te oferecer.

Eu posso ver teu amor
mais forte que nunca, mais real.
A salvação e a criação
eu vejo através desse inocente olhar.
Me entregaste teu filho
E me deste um filho meu
Que hoje eu venho a Ti dedicar.

Protege esta bênção com teu amor,
Não deixes o mal lhe tocar.
Firma na Rocha seu coração,
Concede-lhe o dom de amar.
Nunca deixes que esqueça
que ele é teu, Senhor
pois ele eu te dou.

A quem mais posso entregar
meu frágil bebê e ter paz?
se até eu temo ao ver
seus pequenos braços a se abrir pra mim
Que ao se abrir recebam
Teu abraço, teu amor
Porque eu, eu também, frágil sou.
Mas eu e o meu lar vamos servir ao Senhor.


“...escolhei hoje a quem haveis de servir (...) Porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor.” Josué 24:15


Uma das cerimônias da nossa igreja que mais me emociona é a Dedicação de Crianças. E não é de agora, desde a primeira que assisti, lágrimas me vêm aos olhos. Um casamento ou um batismo podem ser bem mais vistosos, mas a Dedicação me comove em sua simplicidade. Os pais, a criança, o pastor, uma oração. Mas quão significativo é este momento!

Este ritual nasceu em Israel (Êxodo 13: 2; 12 – 16; 22: 29 – 30; 34: 19 – 20) e se perpetuou entre os judeus ao longo dos séculos: “A dedicação do primogênito teve sua origem nos primitivos tempos. Deus prometera dar o Primogênito do Céu para salvar os pecadores. Este dom devia ser reconhecido em todas as famílias pela consagração do primogênito. Devia ser consagrado ao sacerdócio, como representante de Cristo entre os homens” (O Desejado de Todas as Nações, pág. 42)

Quando uma família de Israel apresentava seu filho no templo, estava também recordando a Páscoa, pois a última praga que Deus enviou ao Egito, e aquela que fez com que o Faraó deixasse o povo de Deus ir, foi a morte dos primogênitos, da qual só escaparam aqueles que marcaram suas portas com o sangue de um Cordeiro, apontando para o posterior sacrifício de Cristo, o inocente Cordeiro de Deus. “Assim a lei para a apresentação do primogênito se tornava particularmente significativa. Ao mesmo tempo que era uma comemoração da maravilhosa libertação dos filhos de Israel, prefigurava um livramento maior, a ser operado pelo unigênito Filho de Deus. Como o sangue espargido nos umbrais da ponta havia salvo o primogênito de Israel, assim o sangue de Cristo tem poder para salvar o mundo” (Idem, pág. 43)

Hoje a Dedicação de Crianças acontece tanto com meninos como meninas, primogênitos ou não. Apresentando nossos filhos no templo, lembramos que Deus nos deu Seu filho para que todos fôssemos salvos. E entregamos os nossos Filhos a Ele para que lhe sejam consagrados, pois dEle mesmo vieram como mais uma dádiva celestial.

Na dedicação também afirmamos perante toda a congregação que faremos de tudo para tornar nossos filhos bons cristãos. Que cuidaremos de sua vida espiritual até que eles próprios possam faze-lo por si próprios. Isso não garante que teremos filhos cristãos pelo resto da vida, mas significa que daremos o melhor nesse sentido, porque acreditamos que esse é o caminho para que sejam felizes. A família que se apresenta ao Senhor com seus filhos está dizendo a Deus que quer ir junta ao Céu, e que vai cultivar um pedacinho deste céu todos os dias em seu lar.

A Dedicação é particularmente importante para mim porque tive na concepção desta criança uma experiência marcante com a misericórdia divina. Um dia, quando eu estava muito desanimada depois de algumas tentativas, orei pedindo que Deus mandasse um anjo até mim. A Bíblia deixa claro que Ele usa anjos para cumprir seus desígnios para a morte e para vida. Pedi que um anjo da vida tocasse meu ventre. E naquele mesmo mês engravidei. Como eu poderia não apresentar ao Senhor a dádiva que Ele pôs dentro de mim?

sábado, 10 de maio de 2008

10. QUEM SOU EU? - Projeto Imagem e Semelhança

Original: Who am I? – Point of Grace
Versão: Luciana D. Teixeira de Araújo

Muitas vezes só me aproximei
querendo exigir;
que se eras mesmo Deus podias
me dar o que eu pedi.
E briguei contigo, quis fazer
sozinha o meu castelo
mas quando o mar o derrubou
foi que a Graça me alcançou.

Quem sou eu
para que lembres meu nome?
Quem sou eu
pra que me ames como sou?
Quem sou eu
que vês em mim a tua imagem?
Semelhança que me faz entender
quem sou eu.

Questionei tua forma de agir
no mundo ao meu redor
Porque sendo Deus seria fácil
fazer muito melhor.
Enchi com mágoas e perguntas
meus dias sem amor
Mas esvaziada aos teus pés
a paz me completou.

A graça de Deus
é um milagre do seu amor
A graça de Deus
é o perdão ao pior pecador: eu...

(esta sou eu
sou tua filha amada
és um Pai tão meu)


"Eu sou o SENHOR, vosso Deus." (Levítico 19:3)


O título desta música me acompanhou boa parte da gestação. Não me disseram que a crise de identidade pode ser um sintoma da gravidez...

Não foram poucas as vezes que eu parava tudo para me perguntar se eu era eu mesma ou se havia me tornado apenas uma mãe. Sim, porque desde o momento em que soube que estava grávida tudo parecia flutuar literalmente ao redor do meu umbigo. Um novo ser que assumiu o controle de tudo dentro e fora de mim. Nem minhas roupas eu podia mais escolher sem antes consultar a barriga! Ao me olhar do espelho eu só me reconhecia do pescoço pra cima, e mesmo assim, em alguns momentos que não estava mentalmente dominada por meus hormônios pululantes.

Aí eu pensava: “Peraí. Então não sou mais eu quem vivo, mas um nenê quem vive em mim?”. Passei heroicamente pelas dores, incômodos e enjôos e até perdi uma oportunidade de emprego por causa da gravidez.

Então comecei a compreender melhor o que era ser mãe. Não era só um nenê que estava dentro de mim. Era meu filho, ou seja, um pedacinho de mim mesma. Alguém gerado conforme minha imagem e semelhança carregava muito do que sou. Portanto a culpa de tanta renúncia não era dele, era minha mesmo! E as dores, as perdas, eram todas vindas de um ser que era antes de tudo, eu. Só que numa versão melhorada pelos genes do pai, claro. E no fim, eu não estava perdendo nada, estava ganhando este presente maravilhoso da graça divina, com uma série imensa de benefícios adicionais. Desde então fiquei ansiosa pra ele sair logo da “embalagem” (até hoje procuro o manual e o botão desliga).

A graça de Deus é assim, sempre nos beneficia, ainda que nem sempre a compreendamos totalmente de pronto. No fim, podemos até perceber que tudo coopera para o bem dAqueles que O amam (Romanos 8:28), mas freqüentemente nos enrolamos pelos meios...

Lembro que aprendi no colo do meu pai que eu era uma filha de Deus e dependente de Sua graça. Quando estava doente, lembro dele chegando perto da minha cama para orar comigo. Colocava as mãos sobre mim, fazia uma prece de olhos fechados e em breve tudo ficava bem. Uma fé simples e eficaz assim. Aí eu cresci e conheci a aspirina. Era só ir na farmácia e pronto.

Mas que Deus quero que meu filho conheça? Um Deus que se preocupa com ele, mesmo em seus menores problemas (sim, crianças também têm problemas, e não só de saúde), um Deus que cura e que nos faz experimentar Sua graça, ou um Deus que só está na igreja nos sábados? Será que meu filho vai crescer pensando que quem cura mesmo é o remédio? Que se ele tiver dinheiro, pode comprar soluções sem ajuda de nenhum Deus? É claro que, utilizado corretamente, o remédio também pode ser um instrumento de cura, e termos dinheiro para comprá-lo também é graça de Deus. Mas a fé deve vir antes de tudo que possamos fazer. A experiência com a graça é que nos faz sentir filhos e filhas amadas de um Deus a quem podemos recorrer sempre. E este senso de identidade com o céu é algo que tem pouco a ver com o que fazemos, e muito com o que deixamos que Deus faça por nós, em nós.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

9. PARA OUVIR E VIVER - Projeto Imagem e Semelhança

Original: Only hope – Mandy Moore
Versão: Luciana D. Teixeira de Araújo

Há um som que eu escuto aqui
E que ecoa também pelos montes e vales além.
É o som que acorda as manhãs
e desperta em nós luminosos caminhos também;

é o som da voz de Deus,
é a canção do amor
que Deus compôs pra você,
e te convida a ouvir e viver.

Dessa música emana poder
que remove montanhas e impele os cansados além.
Este som que ao mundo criou
É o mesmo que vem e recria os sonhos também.

às vezes vai sussurrar,
às vezes vai te chamar,
Atrás de ti dirá:
este é o caminho a seguir.
Reconhecerás
em teu coração

(que) é o som da voz de Deus

...
ouvi e vivei


"Se vocês se desviarem do caminho, indo para a direita ou para a esquerda, ouvirão a voz dele atrás de vocês, dizendo: O caminho certo é este; andem nele." Isaías 30:21


Acho que há poucas coisas neste mundo mais magnéticas que um bebê. Os publicitários já descobriram isso faz tempo, e pegam a gente pela ternura com bebês rechonchudos vendendo de seguro de vida a esponja de aço. Imagine então quando o bebê é seu. Muitas vezes, às quatro da manhã, morrendo de sono e cansaço, eu estou ali, totalmente embevecida com o rostinho dele. Acho que é uma solução divina pra a mãe não deixar o bebê rolar dos braços enquanto ele mama de madrugada! Mesmo passando o dia inteiro ao lado dele, eu sinto saudades quando ele dorme mais de três horas, e me ponho a olha-lo no berço de cinco em cinco minutos, com vontade de abraça-lo. Algumas vezes já o agarrei dormindo mesmo, ainda com o risco de acorda-lo e começar toda a trabalheira de novo. Quando Tibério tem que fazer algum trabalho em casa, muitas vezes para tudo só para ir olhar para nossa pequena grande bênção.

Mesmo durante o culto, muitas vezes temos que fazer força pra prestar atenção ao pregador, porque ainda que ele esteja quietinho no meu colo, meus olhos o procuram como a bússola ao pólo. E reparei que isso não é só comigo. Num banco de igreja onde chega um bebê, todos em volta param pra olhar, pra querer pegar, pra acenar ou mandar beijinhos pra ele, pra dar ao menos uma espiadinha... e se o bebê, simpático, sorri, pronto: lá se vai a reverência e ninguém ouve mais nada, a não ser “ahhhh”, “bilú-bilú”, “tititi, tátátá”. Se brincar, até o pregador é hipnotizado também!

Os estudiosos explicam que é assim porque a graciosidade é a principal defesa pela sobrevivência do bebê. Repare que os bebês de outras espécies mamíferas parecem muito mais autônomos ao nascer: os cavalos, com pouco tempo de nascidos já andam, os bezerros mamam, os veados correm... e os bebês humanos? Eles são tão frágeis! Ao nascer só choram e dormem, como vão convencer alguém a cuidar deles, lhes dá comida, limpar, dar carinho para crescerem saudáveis? Através da graciosidade. Por isso todos os bebês são lindos e nos enternecem, Deus os fez assim para nós resistirmos a muitas madrugadas insones com um sorriso bobo no rosto.

No entanto, Vinícius, com todo o seu magnetismo extraordinário, me ensinou a olhar muito mais para o próximo. Meu olhar já não fica indiferente diante das vítimas e malfeitores dos telejornais , das crianças pedintes nos semáforos, dos usuários de drogas, dos que dormem nas sarjeta, de todos que sofrem. Vinícius agora me lembram que todos já tiveram uma mãe, e em alguns casos, uma mãe que os amou muito e cuidou com todo o carinho. Vinícius também me diz que mesmo os que não tiveram mãe têm um Pai no céu. E Vinícius me lembra de orar por eles. Esse dom que ele tem de me apontar a Deus em quem sofre, existe provavelmente para que eu também o lembre de não esquecer de orar e trabalhar pelo seu semelhante, mesmo que a semelhança seja enxergada apenas pelos olhos do nosso Pai. Hoje meu filho é o centro das atenções, mas quero que ele cresça vendo o mundo para além do próprio umbigo. Como o faria um cristão.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

8. ORAÇÃO - Projeto Imagem e Semelhança

Original: Purify my heart – Eden´s bridge
Versão: Luciana D. Teixeira de Araújo

Minha oração
é que eu possa ver
meu semelhante.
Minha salvação
não quer se fechar
só em mim.

Minha adoração
é Te enxergar
em quem sofre.
Minha ambição
é poder cuidar
de alguém.

Glórias renunciar,
o ego desentronizar,
E descobrir Vida
em dar a vida por outros,
e descobrir Força
em viver para fortalecer outros,
Como fizeste Tu.

Quero ser cristão:
que possam notar
por meu amor.
Quero meus irmãos
crendo que é possível um céu.

Me alegrar em fazer sorrir,
Prosperar ao me diminuir,
E descobrir cura
sarando a dor dos outros,
E descobrir Bênção
Em partilhar minhas bênçãos com outros,
Como fizeste Tu.


“E faço misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam meus mandamentos”. Êxodo 20.6


Descobri já faz bastante tempo que meu instrumento musical preferido é o violoncelo. De todos os instrumentos de corda esse tem o timbre que me toca o espírito, que me comove, que me penetra os sentimentos e cativa o ouvido. De onde veio esta afeição?

Certo dia estava observando minha mãe cantar quando me ocorreu uma suspeita. Ela adora cantar enquanto faz tudo. Às vezes apenas murmura baixinho, mas definitivamente traz sempre consigo um cântico no coração. Desde que eu era bem pequena lembro de ouvir minha mãe cantar, seja na lida diária com os afazeres domésticos, seja na hora do repouso, deitada no sofá. Mas só bem recentemente percebi que o timbre da voz dela lembra... um violoncelo! A voz grave percorrendo suavemente notas ligadas, crescendo e diminuindo como que moldadas num arco, a respiração moderada, sem pressa, o murmurar macio que me soou como um lindo violoncelo. Tenho certeza que a voz de minha mãe, entoada em momentos tristes e felizes, determinou minha preferência instrumental.

Mas esta foi só uma das preferências que ela influenciou em mim. Mesmo tendo personalidades bem diferentes, acabei herdando seu gosto pela leitura, pela poesia, pela Arte, pela natureza, pelas coisas simples e tantas outras. Hoje reconheço em minhas próprias atitudes maternas reflexos das atitudes dela para me educar. E isso é algo meio inconsciente: mesmo não concordando com algumas dessas atitudes, meu primeiro impulso é imitá-las, tal qual minha memória de filha registrou.

Essa constatação e mais alguns exemplos bíblicos me levam a concluir que as nossas escolhas como pais têm uma influência poderosa sobre as futuras escolhas de nossos filhos. Não importa o conceito que eu ou os outros tenham de mim hoje:serei lembrado pelas coisas que faço, meu filho não guardará de mim só uma imagem, mas um conjunto de ações, palavras, decisões. Quando nos lembramos de Adão não podemos dissociar dele o ter passado a toda a humanidade as conseqüências do pecado. Quando falamos de Davi, recordamos um grande rei e um pai fracassado, com uma família desestruturada por causa de imaturidade emocional dele. Eli, sacerdote do Senhor, amargou a perda precoce dos filhos porque desmereceu sua influência paterna na educação deles. Não se trata de Deus castigar os filhos pelos pecados dos pais, mas daqueles sofrerem as conseqüências das más escolhas destes, e isso inclui até aquelas escolhas que julgamos “bobas”, mas que acabam por atingi-los a longo prazo, pois ficam gravadas em sua memória e teimarão em querer ser repetidas na vida deles no futuro. É assim que convivemos com famílias que parecem perpetuar, geração após geração, a infidelidade, o vício, a fraqueza de caráter. Isso não é vontade de Deus, e Ele está pronto a quebrar essa cadeia de miséria. Mas para isso precisamos levar a sério nosso papel como representantes de Deus perante nossos filhos, e nunca tomar decisões, por menores que sejam, apenas por nós mesmos, mas pensando além, no futuro de nossa semente, para que ela venha a ser qual árvore plantada junto a corrente de águas (Salmo 1:3).

quarta-feira, 7 de maio de 2008

7. BOAS-VINDAS - Projeto Imagem e Semelhança

Original: Holy And Righteous – Trin-I-Tee
Versão: Luciana D. Teixeira de Araújo

Bem-vindo à vida, você vai gostar.
Todos aqui querem contar
que vale a pena estar num mundo com tanta cor,
que a vida é um presente lá do céu.

Bem-vindo à vida, vem provar que bom
Você só veio confirmar.
Não vou te falar das coisas tristes
Deus já fez planos para as consertar.
Há muito mais motivos para ser feliz:
Vida é um presente lá do céu

Versos - Canções (eu vou te ensinar algumas)
Amigos (isso é muito bom) - Noites
Flores - Sonhos (de travesseiro e de padaria)
Festas - Tias (e primos, avós, um monte de gente)
Abraços (beijinhos, cócegas) – Livros (A Bíblia em especial)
Bichos (alguns bem fofinhos) - Doces (frutas também)
Praias (parques, campos) - Colo (bom com cafuné)

Vida é um presente lá do céu (2x)
Vida é um presente
porque Deus é muito bom e nos fez para amar a Vida
é um presente lá do céu.


“Pois em ti está o manancial da vida; na tua luz vemos a luz.” Salmo 36:9


Imagine que você pudesse viajar pelo mundo para nos quatro cantos dele colher tudo que de melhor visse e guardar numa caixinha. Todas as coisas boas e belas, todas as melhores sensações e sentimentos, todas as pessoas bacanas, e até mesmo os momentos mais sublimes pudessem ser seguramente acomodados numa embalagem para presente. E que depois você pudesse oferecer isso a seu filho. Acho que todo pai ou mãe gostaria de realizar esse sonho. Dar a seu filho um mundo perfeito, onde seus olhinhos se encantassem com tudo que vissem, suas mãos só tocassem as melhores texturas, sua boca gostasse de tudo que fosse a ela (e tudo fosse livre de gordura trans).

Nem mesmo Deus, como nosso Pai, escapou desse sonho. Quando criou o mundo ele selecionou suas melhores criações para cenário da vida humana. Não bastava serem perfeitas, tinham de ser as melhores entre as perfeitas. “Quando a Terra saiu das mãos de seu Criador, era extraordinariamente bela. (...) Graciosos arbustos e delicadas flores saudavam a vista aonde quer que esta se volvesse. (...) O ar, incontaminado por miasmas perniciosos, era puro e saudável. A paisagem toda sobrepujava em beleza os terrenos ornamentados do mais soberbo palácio. A hoste Angélica olhava este cenário com deleite, e regozijava-se com as obras maravilhosas de Deus” (Patriarcas e Profetas pág. 44)

Agora imagine se alguém, cheio de más intenções, entrasse na sua caixinha de presentes e tentasse estragar tudo colocando ali um monte de coisas feias e terríveis. Isso também aconteceu com Deus. Infelizmente o pecado quebrou o encanto do Seu mundo perfeito, e até hoje insiste em esconder a beleza que um dia nosso Pai construiu para seus filhos. Temos, no entanto, dois grandes consolos.

O primeiro é que a força do pecado, mesmo enorme, não é tão grande como o amor de Deus, e este resguardou ainda muitas coisas belas e boas no nosso mundo. Coisas que nós ainda podemos “colocar numa caixinha de presente” para nossos filhos. Nesta música eu enumerei algumas delas, minhas preferidas, as que me tocam mais profundamente.

O segundo grande consolo é que esse grande amor de Deus não vai deixar o pecado tomar conta da Terra para sempre. Um dia, nós cremos, tudo será restaurado à semelhança daquele Éden paradisíaco, e nossos filhos poderão desfrutar só de coisas boas. Poderão até mesmo abraçar leões e brincar com cobras sem que nada de mal lhes aconteça (Isaías 11: 6 – 9), coisa que o mais caro presente de natal não pode substituir. Doença, morte, violência, maldade, serão coisas do passado. Só lá nos conheceremos o real significado da palavra vida, tal como Deus a concebeu. E viveremos plenamente.

Mas até lá, podemos viver bem aqui também. Afinal, “o mundo, embora caído, não é todo tristeza e miséria. Na própria natureza há mensagens de esperança e conforto. Há flores sobre os cardos e os espinhos acham-se cobertos de rosas.” (Caminho a Cristo, pág. 10). Viver ainda é muito bom. É um presente lá do Céu!

terça-feira, 6 de maio de 2008

6.EU E VOCÊ - Projeto Imagem e Semelhança

Original: I Will Be Here – Steven Curtis Chapman
Versão: Luciana D. Teixeira de Araújo

Quando uma canção tocar
e uma fruta amadurecer,
vai ser pra nós dois, eu e você.

Se a manhã chamar pra brincar
ou se o sol pintar o entardecer,
vai ser pra nós dois, eu e você.

Eu e você vamos percorrer o mundo
escalar ou mergulhar fundo nos seus sonhos
Eu e você sentiremos mil sabores,
descobriremos todas as cores,
sempre juntos, eu e você.

Se o tempo for pra nadar
ou resolve que vai chover,
vai ser pra nós dois, eu e você.

Quando uma nuvem brilhar no Céu
e Deus nela aparecer,
vai ser pra nós dois, eu e você.
(Quando Cristo chamar iremos juntos, eu e você)

Eu e você vamos conhecer as glórias,
partilhar as suas vitórias e tristezas.
Eu e você vamos dividir segredos
e crescer com os nossos medos;
seremos mais fortes.

Vamos achar bons motivos pra sorrir,
ouvir um ao outro, ouvir a Deus e o louvar.

"...vejamos o caso de uma criança que é colocada na cama, sozinha, num quarto escuro, e que chora pedindo a mãe. Se esta não responder, a criança continuará chorando enquanto lhe restar alguma energia. Está em estado de dor, que aumenta rápida e infalivelmente. Essa criança poderia morrer, mas a natureza interfere para proteger sua vida. No ponto da exaustão, ela adormece. De manhã, sua mãe está ali de novo e as esperanças são renovadas. Deixam que a criança chore de novo até se cansar, na segunda noite. Ela não chora mais tanto tempo, pois já não tem toda a energia depois da derrota anterior. Adormece mais cedo por ficar exausta mais cedo. Criança alguma consegue suportar este jogo. Salvar sua vida implica entregar os pontos, e isso representa suprimir seu anseio pelo genitor. Deixar a criança chorar até a exaustão é uma tática eficiente para conseguir-se que ela se submeta a ir sozinha para a cama, mas isso viola seu espírito. Recuperar sua fé para a vida e para ser será uma tarefa hercúlea." (Alexander Lowen - Do livro: "Medo da Vida")

Pois assim diz o Senhor: Eis que estenderei sobre Jerusalém a paz como um rio, e a glória das nações como um ribeiro que trasborda; então mamareis, ao colo vos trarão, e sobre os joelhos vos afagarão.” Isaías 66:12

Quando Vinícius nasceu logo deixou claro que era fã de um colinho. Começou a ter crises de cólicas já na segunda semana de vida, e só se acalmava mais quando o colocávamos de bruços em cima de nossas barrigas. E quando as cólicas passaram ele continuou gostando deste jeito de se manter quentinho e aconchegado. Foi assim que se acostumou a dormir no colo, e quanto isso se tornou irredutível. Ai de nós se tentássemos coloca-lo no berço! Só à noite que dava uma trégua, mas de dia era o tempo todo no braço. Às vezes eu tentava engana-lo, deixando que entrasse em sono profundo para coloca-lo bem lenta e suavemente no berço, mas ele, muito esperto, sempre acordava e abria o bocão a reclamar. No colo ele passava horas sonecando, feliz da vida.

Por causa desse hábito do nosso filhinho, ouvi muitas vezes, de várias pessoas, frases como “Você vai colocar mau costume nele!”, “Ta botando mãnha!”, “Ta estragando o menino, depois não vai conseguir fazer mais nada!”. Mas qual era a alternativa? Deixar meu nenê chorar? “Sim”, diziam as mesmas vozes, “deixa ele chorar, é bom pra o pulmão, uma hora ele cala”. De fato, existem até métodos "científicos" pra ensinar o bebê a se auto-consolar depois de chorar exaustivamente, e criar uma rápida independência dos pais. Mas esse bebê “sem mãnha”, que aprendeu cedo a se virar sozinho, pode ter sérios distúrbios emocionais no futuro, como já se constata cientificamente também.

Assim, preferi deixar Vinícius no meu colo ao seu livre desejo, deixa-lo desfrutar ao máximo de minha pele, meu peito, meu carinho. E não deixei de fazer nada que queria por causa disso. Com um mês e meio após o parto eu já retomava a faculdade (para tanto ele contou também com o colinho do pai). Escrevi esses textos e cuidei praticamente sozinha da casa no tempo em que ele estava mais grudado em mim. Saí e namorei bastante também. E não me arrependo de nenhum minuto em que ele ficou coladinho, me deixando cheirar sua cabeçinha. Ambos, eu e ele, felizes e satisfeitos com aquele carinho. Não precisamos ir contra nossa natureza, nem passar por “aprendizados” precoces e traumáticos.

Meu filho não ficou estragado; é o nenê mais carinhoso do mundo. Não tem mãnha, porque nenhum bebê tem a capacidade de malícia e dissimulação dos adultos, eles não manipulam, apenas comunicam. E o “mal” costume de Vinícius me rendeu alguns dos momentos mais felizes da minha vida, vendo-o crescer bem juntinho a mim, coisa que mais tarde, eu sei, nem sempre terei, quando ele encontrar prazer fora do meu colo...

Sabe, até Deus tem ganas de colocar eu e você no colo. Quando falou, através de Isaías, da restauração da Jerusalém espiritual, Ele disse que queria nos afagar em seu colo, imagine! Quer nos trazer ao peito como uma mãe que amamenta! Que me perdoem os pitaqueiros de plantão, mas esse Paizão é quem sabe das coisas...Deus, em sua experiência paternal de milênios em amar seres humanos, buscou-nos desde o Éden, passando pela colina de fogo (quentinha e aconchegante como um colo) no deserto, pelos apelos dos profetas, por Cristo e Seu Espírito entre nós hoje. Porque Ele sabe que bom mesmo é estar junto de quem se ama.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

5. CORAÇÃO DE UM PAI - Projeto Imagem e Semelhança

Original: My father´s heart - Rachel Lampa
Versão: Luciana D. Teixeira de Araújo

Que Deus me ensine a ser exemplo,
Que me inspire a encontrar respostas,
Que me ajude a te apontar caminhos,
Pra que eu te guie com firmeza e carinho.

O amor que existe em mim
não é somente meu
É um dom de Deus
e existe pra que eu doe a ti
o meu melhor
e quanto mais
caiba no coração de um pai.

Que eu possa te ouvir sempre,
Mas saiba respeitar teus silêncios.
Que você sinta o poder das escolhas
E a eternidade seja o elo entre todas.

Que eu te ensine a lutar
com as armas do amor,
Que em minha vida possas enxergar o Senhor.
Que um céu de luz
e sabedoria
caibam no coração de um pai.


“Aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus é amor”.
I João 4:8


Para a Psicologia moderna o papel do pai na vida da criança é ponto pacífico. “É o pai que apresenta a cultura ao filho, é através dele que a criança conhece a moral estabelecida naquele determinado grupo onde a família está inserida.” (Ilda Zaideman, psicóloga)

Portanto, a imagem de Deus que a criança levará consigo pelo resto da vida será formada ainda na infância, e terá muito a ver a própria imagem de seus pais, do pai em particular. As muitas concepções de Deus, como um Deus distante ou superprotetor, austero ou amigo, castrador ou negligente, passam pela experiência que as pessoas têm dentro de sua família, com a figura paterna. É certo que a Bíblia, e seu assunto principal, o plano da redenção, estão ao nosso alcance para que conheçamos o verdadeiro caráter de Deus, e a conversão faz com que corrijamos em nossa mente as distorções sobre a imagem que temos de Deus. Mas muitos não chegam nem mesmo a conhecer a Bíblia porque Deus lhes parece um ser desinteressante demais para que Sua palavra chegue a lhes chamar atenção: é difícil para um filho confessar a si mesmo que tem mágoa e raiva pela figura do seu pai, mas é bastante comum que as pessoas criem repugnância pela religião por associarem Deus a essa mágoa e raiva, que muitas vezes elas nem sabem conscientemente que têm dentro de si.

A essas pessoas servem bem os versos de Quintana:

“Os dogmas assustam como trovões.
E que medo de errar a seqüência dos ritos!
Em compensação,
Deus é mais simples do que as religiões".


“Deus é amor”, a Bíblia é clara. E agora o que me assusta é a responsabilidade que um pai tem, que é a de traduzir esse amor, desde o berço, para seu filho. Mesmo sendo um ser corrompido, falho e pecador, que muitas vezes não dá prova de amar nem a si mesmo, o ser humano foi escolhido para ser exemplo, mentor, guia, amigo e sacerdote de seus próprios bebês. Tão puros os nossos bebês! Tão ternos e inocentes, confiam em nós completamente, e estão sempre prontos a aprender e imitar cada um de nossos pensamentos, palavras e ações. Nós, mães e pais, somos a primeira experiência com Deus que nossos filhos vão ter. E o nosso lar, é a primeira imagem a que eles vão se remeter quando falarmos de Lar Celestial. Quão desejosos eles serão de ter Deus em sua vida aqui, e um Céu na eternidade a partir de sua experiência familiar?

Felizmente nos consola saber que Deus já providenciou para que sejamos capazes de cumrpir esta difícil missão. Nós, humanos, fomos capazes de juntar TV, som, computador, máquina fotográfica e telefone num aparelho que cabe na palma da mão - inventamos o celular. Mas temos um Deus que fez o que parecia impossível: fez caber toda a luz, sabedoria e amor do céu dentro do coração de uma figura indelével da mente humana, e que todo mundo, de alguma forma, mesmo que não seja biológica, tem: o pai. Sacerdote do lar, instrumento de salvação, amigo. Imagem de Deus.

domingo, 4 de maio de 2008

4. PROMESSA - Projeto Imagem e Semelhança

Original: I promise – Jaci Velasquez
Versão: Luciana D. Teixeira de Araújo

Um raio de luar
Pode ser tão frágil
Quando tantas luzes
querem tomar
a atenção do olhar.
Mas a lua está
lá em cima sempre
meiga e maternal
se já não há
quem conforte o olhar

Refrão
Eu prometo ser
Sua pequena lua
Pra iluminar
e embelezar
os seus caminhos
E na escuridão
serei um guia
que no final
da noite fria
lhe entregará
ao Sol

Sempre é bom lembrar
que a luz da lua
não lhe pertence não:
é o sol quem faz
ela iluminar

Aprenderei
a ser mãe
prostrada aos pés de Deus.
O doce dom em mim
incidirá
e eu saberei te amar.


“E crescia Jesus em sabedoria, e em estatura, e em graça para com Deus e os homens.” Lucas 2:52

A dúvida ainda é: serei uma ao mãe ou um bom pai? Quando eu engravidei muitas pessoas me disseram: “parabéns porque você realizou seu sonho de ser mãe!”. Mas esse nem sempre foi meu sonho. Sonhei muito mais em conhecer a Itália que em acalentar um bebê. Só uns dois anos antes de engravidar é que a idéia de ser mãe começou a virar um sonho, e só quatro meses antes, um sonho desejado – que há sonhos que passam a vida inteira presos ao mundo dos sonhos, sem que o desejo os tire de lá.

Depois do sonho tornado realidade em forma de barriga, a constatação: ser pai e mãe não é apenas ter um filho. Não é somente dá-lhe roupa e comida. Não é um décimo daquilo que a gente, ao sonhar, imaginava. Então vem a dúvida pulsante: e eu conseguirei fazer tudo direitinho?

Quando o bebê nasce essa dúvida se transforma num bicho papão – que só ataca os pais – pronto a saltar de trás da banheira, da mamadeira, do berço... e tem sempre alguém dando pitaco sobre como espantar o bicho-papão. Só depois de algumas fraldas e crises de choro (do bebê e da mãe e de quem mais esteja há um mês sem dormir) é que se percebe que a maternidade/paternidade, como todo dom divino é simples quando o coordenamos pela vontade divina.Ficamos tão ansiosos por fazer tudo certo que esquecemos que só Deus pode nos completar nessa missão.

Enquanto eu ainda arrumava o enxoval de Vinícius, toda preocupada em não faltar nada para ele, minha mãe me disse sabiamente: “O que ele vai mais precisar é seu colo, seu peito e seu amor”. E de fato, eu deixei de usar um pequeno arsenal de inutilidades que comprei, mas meu peito e amor ainda são requisitados com freqüência, e costumam resolver todos os problemas dele instantaneamente. Meu amor de mãe direciona muitas de minhas ações, quando surgem as dúvidas, e sinto que Deus me fala através desse amor. Ele é um canal aberto para receber as orientações divinas quando as sugestões humanas se mostram falhas.

Enquanto meu Pequeno cresce, eu o ensino pequenas coisas todos os dias, coisas simples como dormir, se sentir seguro, aprender a virar de um lado para o outro, comunicar-se através de seus lindos balbucios, alimentar-se, brincar, conhecer o mundo que o cerca. Mesmo quando ele já não for tão pequeno, e aprender muito com outras pessoas, ele saberá que pode contar comigo sempre, que estarei sempre com meu amor e colo prontos para o iluminar quando ele se sentir no escuro, e o aquecer no frio desde mundão injusto e mau.

Mas o que de melhor meu amor de mãe pode ensina-lo, é que este amor deriva de um amor maior, perfeito e que pode fazer muito mais por ele que eu. Meu amor, em minhas palavras e atitudes, gestos e carinhos, devem apontar todos para o amor de Deus, e nutrir-se dele para continuar dando o melhor ao meu filho. Nada o fará crescer mais belo e inteligente, seguro e saudável, feliz e bem sucedido que a confiança na fé dos seus pais. Tomemos então tempo para firmar os passinhos cambaleantes de nossos bebês e nossos pés não menos frágeis na mesma Rocha da Salvação que um dia cresceu assim também.

sábado, 3 de maio de 2008

3. ORAÇÃO DE MARIA - Projeto Imagem e Semelhança

Original: Breath of Heaven – Amy Grant
Versão: Luciana D. Teixeira de Araújo

Teu chamado eu respondi.
Ouvi meu nome disse: “eis-me aqui”
Tua graça me acolheu
O que diria ao meu Deus?
Tua serva sou!
Tua serva sou!

Escolhida, não tentei fugir
E enfrento qualquer dor por ti
Porque creio, Cristo vem
Dar seu reino a quem tem
Fé para O conhecer
Fé para O receber

(Refrão)
Deus bondoso,
Ser suave,
Cumpra-se em mim conforme
Tua vontade
Deus bondoso
Ser benigno
Derrota o inimigo
na santidade
Deste Filho

Meu amparo está em tua Lei
E a alegria em servir meu Rei.
E quando Ele ao Pai voltar
Quero a paz que vai me dar
Forças pra eu lutar
forças pra mim
forças...


“Porque me fez grandes coisas o Poderoso, e Santo é o seu nome.”
Lucas 1:49


Uma das maiores e mais freqüentes preocupações quando se está esperando um bebê é: será que serei um bom pai ou mãe? De repente você começa a reparar com maior nitidez que o mundo não é um lugar exatamente seguro, as notícias dos jornais e o preço da comida ganham contornos até então impensáveis. Será possível que eu, uma pessoa que ainda está lutando para se estabelecer como gente no meio deste mundo louco, vou dar conta de criar e educar do jeito certo um ser inteiramente dependente de mim? Será que conseguirei protege-lo de todo mal, dá-lhe tudo que há de precisar, prepara-lo para enfrentar por si só os problemas da vida? E será que ele vai facilitar as coisas concordando comigo ou vai ser tão rebelde quanto eu fui quanto à criação dos meus pais?

Antes de ousar responder essas perguntas eu prefiro pensar em Maria. A jovem, quase menina, a humilde e casta Maria, que foi escolhida por Deus para a maior missão que uma mãe já recebeu: abrigar em seu corpo, educar e cuidar do Filho de Deus feito homem nesta Terra. Num primeiro momento, como qualquer ser humano, ela temeu. Por que ela? Como aconteceria? Depois entendeu que recebera a maior graça que uma jovem de seu tempo poderia receber. A surpresa de Maria custou a cessar. Ela se considerava pequena demais para tão grande missão (Lucas 1:48).

Ah, os métodos divinos. Eles sempre surpreendem mesmo àqueles servos que acham que já O conhecem. E Maria conheceu o Deus que “Depôs dos tronos os poderosos e elevou os humildes” (Lucas 1:52), solução que Ele usou ainda outras vezes ao longo da história cristã. O Senhor dos Exércitos, que enfrenta o inimigo com a santidade. O Todo-Poderoso que exerce sua autoridade suavemente. E que força enorme na sua bondade! Como tremem os homens diante do Deus benigno! Como é bela a vitória dos que têm fé para conhece-lO a tal ponto que recebe-lO é inevitável!

Quando Maria percebeu isso, disse sim, e sua alma cantou. Imagino que nesse instante ela compreendeu também que sua luta não seria fácil. Seria julgada e apontada por muitos, correria o risco de perder seu noivo, ser até mesmo apedrejada se a considerassem adúltera. Disse sim sem querer compreender nada mais, apenas aceitando o plano de Deus em sua vida.

A segunda parte dessa música fala de uma perspectiva ainda mais dramática, que foi descoberta por Maria bem mais tarde. Quando compreendeu que sua luta não era contra homens, mas contra hostes do mal empenhadas em derrotar Cristo. Quando percebeu que o seu Jesus não lhe pertencia, mas assim como tinha vindo do Pai, voltaria para Ele após cumprir seu papel salvador. Mesmo tendo seu coração traspassado por uma espada ao vê-lo morrer, Maria recebeu forças para continuar lutando e atuar ativamente como uma das primeiras mulheres cristãs da igreja primitiva. Sua missão, mais que ser mãe, era ser serva. Ela descobriu na santidade o Poder para vencer nas grandes e nas pequenas coisas.

Deus também tem planos para o meu filho. E cuida dele como eu jamais conseguiria cuidar. Se como Maria eu buscar a santidade e aprender a ser serva de Deus, serei, com certeza, uma ótima mãe.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

2. APRENDENDO A ESPERAR - Projeto Imagem e Semelhança

Original: Gentle Savior – David Phelps
Versão: Luciana D. Teixeira de Araújo

Quatro luas
para o planejar,
Nove meses
até o encontrar.
Mas uma vida inteira para tê-lo aqui...
O tempo é um desafio
se um sonho está por vir.

(Refrão)
Aprendendo a esperar
posso perceber teus sinais.
Aprendendo a esperar -
posso crer e conhecer
muito mais
esperando.

Muitos reinos
até o Teu chegar.
Tantos vivem
por Ti a suspirar;
Mas uma eternidade pra Te abraçar
Será um sonho bem real
pra quem soube aguardar

Como um bebê se aquieta nos braços da mãe
A minh´alma fiz calar e sossegar em Ti.
Como uma mãe que espera o filho do seu ventre chegar
Anseio por Ti

Agora sei
como Te esperar


"...fiz calar e sossegar a minha alma; como a criança desmamada se aquieta nos braços de sua mãe, como essa criança é a minha alma para comigo" Salmo 131:2


Vivemos num tempo onde impera a velocidade. Não se pode “perder tempo”. Profissionalmente é mais valorizado aquele que faz mais, no menor tempo. Relacionamentos duram cada vez menos e substituem-se sem grandes intervalos. O ritmo de vida das pessoas é acelerado, e muitas não conseguem nem mesmo se alimentar bem, conversar com a família, contemplar um pôr-do-sol, ouvir os sons suaves escondidos entre os ruídos cotidianos. O Deus que instituiu um dia para o descanso e a restauração tem sido esquecido – ninguém parece ter mais tempo para Ele. Acontece que o próprio tempo cobra, através do corpo e do espírito, todo esse desrespeito com o ritmo apropriado do viver. Não podemos viver para sempre a arrogância de conseguirmos tudo que queremos pra já. Em algum momento a vida vai dizer “pare”, e eu e você teremos de esperar.

Comigo aconteceu quando decidi engravidar. Passei muito tempo achando que para isso bastaria cessar a contracepção e pronto – teria um lindo bebê crescendo dentro de mim no mesmo mês. “Afinal não somos tão eficientes em evitar filhos? Deve ser porque é bem fácil concebe-los!”, eu pensava. Mas não foi assim. Tive que esperar quatro longos meses (e nunca meses pareceram tão longos) até ser abençoada com uma gestação. Muitas amigas minhas ainda esperam seu tempo chegar, algumas há anos. O corpo, até então considerado nosso mero serviçal, pode se mostrar cruel quando revela que nem tudo nele está sob nosso controle. É doloroso para nos, que fomos ensinados a “poder tudo”, nos deparar com o intransponível. Nesse momento Deus mostra que no fim de toda nossa auto-suficiência é Ele quem subsiste Eterno e Onipotente. Só Ele é o doador de tudo que temos, e o amparo para o que não temos.

Durante esta espera para engravidar aprendi muito, muito mesmo sobre Deus, sobre mim mesma e sobre a vida. Hoje sei coisas sobre o funcionamento da minha mente e corpo que não poderia saber de outra maneira. Sou mais sensível a alguns sentimentos que antes me eram indiferentes. E tudo isso me fez uma pessoa muito melhor, uma mulher bem mais apta a gerar um filho e compreender o que isso significa.

Ainda tive que esperar mais nove longos meses (esses passaram mais rápidos) até ver a face do meu filho. Outro período de ansiedade, aprendizado, crescimento e sensações únicas, que só o tempo de espera poderia me proporcionar. Uma mãe também foi gerada nesses nove meses, dia a dia descobrindo algo novo e surpreendente.

Saber esperar é um dom que Deus nos faz provar de várias maneiras. E é imprescindível que nós, cristãos, que aguardamos a volta do Amado, saibamos esperar também. Não se trata só de crer na volta de Jesus, mas amá-la, desejá-la com palavras, pensamentos e ações, viver por isso como se nada mais valesse tanto. Como quando uma mulher deseja um filho (Gênesis 30:1), como quando o aguarda no ventre.

Mas esperar, eu disse, é um dom. Só aprenderemos a esperar quando repousarmos nossa alma no colo do Altíssimo, e na quietude de Seus braços, ajustarmos nosso ritmo ao ritmo do Céu.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

1. A ARTE DE CRIAR - Projeto Imagem e Semelhança

Original: Ancient words - Michael W. Smith
Versão: Luciana D. Teixeira de Araújo

Criador, supremo Deus,
que a beleza esculpiu,
deu a cada filho seu
vontade de ver céu anil

Criador, que moldou
toda a vida que há,
deu a cada filho seu
o privilégio de gerar

(Refrão)
Deus, bondoso Criador,
sua imagem nos legou
no afã de eternizar
no amor à arte de criar

Criador, mantenedor
da flor e do alado ser,
deu a cada filho seu
desejo de proteger

Criador, resgatador
que a morte já venceu,
esperança e saudade
deu a cada filho seu


“...e vos vestistes do novo, que se renova para o pleno conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou.” Colossenses 3: 10

Quando Deus nos criou transmitiu-nos muito de suas qualidades, dentre elas, a capacidade criativa. Não só somos capazes de admirar como de construir obras belas também. Não só nos apegamos instintivamente à vida, como a celebramos conscientemente cada vez que criamos ou recriamos algo bom, como uma poesia ou o sorriso de alguém que sofre.

É que Deus deu a cada filho Seu, o privilégio de gerar. E isso não diz respeito apenas à capacidade reprodutiva. Geramos vida cada vez que temos uma idéia nova, que inventamos uma forma de fazer melhor algo, que produzimos um belo texto, música ou qualquer outro trabalho fruto de nossas mãos, que cuidamos de algo ou alguém com muita dedicação. Cada vez que fazemos uma semente cheia de vida brotar na terra ou no coração de alguém. Geramos vida quando nos permitimos que Deus nos faça viver abundantemente. O sopro de vida do criador ainda passeia entre Seus filhos como brisa suave, refrigerando-os e inspirando-os naquilo que lembrarão como “o que de melhor já fizeram na vida”.

E quando Deus nos concede a bênção de ter um filho, passamos a compreender de forma ainda mais ampla seus atributos. Por que desejamos ter filhos? Afora todas as muitas respostas pessoais, biologicamente sentimentos necessidade de perpetuar a espécie, nosso sangue, nossa vida. É uma forma de eternizarmo-nos nas vidas que se seguirão a nós, mesmo que depois de muitas gerações só sobrevivamos num cantinho inexpressivo de DNA. Deus, no entanto, também foi movido pelo desejo de eternizar quando nos criou, tanto que nos fez para a Eternidade. E cada vez que a buscamos estamos voltando à semelhança que temos com Ele. Desejar um filho é estar mais perto de Deus.

Gerar um novo ser também nos ensina a compreender de forma mais premente o amor do Deus Criador, como Deus mantenedor. Meu filho ainda não passava de um feto de cinco meses quando eu me dei conta que seria capaz de dar, sem pestanejar, a minha vida por ele. Deus, que cuida de toda a sua obra, como das aves e dos lírios do campo, não mostraria o mesmo amor por nós? (Mateus 6: 25 – 34) Como não nos daria com o Seu filho todas as coisas? (Romanos 8:32)

Por fim, nós que cremos num Deus pessoal, cremos também que Ele pôs em nós alguns de seus melhores sentimentos. Como a esperança e a saudade. A esperança é o que nos faz perseguir a atitude criadora. A energia criativa que Freud chamaria de libido. A esperança que faz com que lutemos pela vida, seja a luta diária da sobrevivência, seja a luta íntima por encontrar um sentido mais elevado no viver, seja a luta emocional, de buscar continuamente o amor, seja a luta espiritual, de manter a fé numa transcendência que nos conforta e redime.

Deus nos deu esperança para que toda vida venha a convergir para Ele. E saudade para que, cada vez que olharmos para o céu ou para os olhos de nossos filhos, sintamos que Alguém também olha por nós. Qualquer ser humano pode sentir essa saudade estranha e inominável ao contemplar as estrelas ou o rosto de um bebê.

PROJETO IMAGEM E SEMELHANÇA

A idéia inicial era fazer um CD commorativo para dar de lemrança na dedicação de Vinícius, meu primeiro filho. Para tanto eu não tive pudores de catar na internet alguns playbacks de músicas internacionais e fazer minhas próprias versões em português, contextualizando as letras dentro do tema. Como não tinha nenhuma intenção comercial com esse projeto, mas visava apenas a presentar amigos e parentes, compus alguns poemas bem simples para as melodias "roubadas".
A dedicação de Vinícius passou, e eu planejei gravar o CD para o aniversário dele. Bem, o aniversário passou também, e hoje já tenho a dedicação de Rafael para planejar, mas acho que as lembranças serão ímãs de geladeira hehehe, é bem mais fácil.
O CD nunca foi gravado, mas as reflexões que fiz para o encarte do CD seguem aqui no blog, junto com os poemas, para efeito de registro.

(Atualizado em 11/05/10)